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Analistas prevêem equilíbrio na cotação dos preços agropecuários

O levantamento do IEA mostra uma leve recuperação de preços médios dos produtos


São Paulo - A movimentação de mercadorias em um dos maiores centros atacadistas do pais, a zona cerealista de São Paulo, indica que não há crise na oferta de gêneros alimentícios que possa justificar aumentos generalizados de preços no mercado varejista. Nem mesmo os efeitos das chuvas na Região Sudeste e da estiagem no Sul estão interferindo, por enquanto, nas cotações. As informações foram dadas pelo diretor do Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios (Sagasp), João Ferraro.

“Aqui em São Paulo, as chuvas castigaram mais as áreas urbanas. No Rio de Janeiro, por exemplo, elas se deram na região serrana, onde o forte [da economia] é o turismo”, disse Ferraro ignorando o fato de que a serra fluminense é reponsável por quase metade da produção de hortaliças e legumes do estado do Rio.

Ferraro contou que os associados da Sagasp estão se cotizando para enviar quatro caminhões de alimentos para as vítimas das enchentes no Rio, com doações de arroz, feijão, farinha e água.

Na avaliação dele, no caso do feijão, ao contrário de escassez, pode até ocorrer queda de preços porque há uma grande oferta do produto, apesar “de uma queda de safra na Argentina”.

O levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA) sobre os preços ao produtor mostra uma leve recuperação de preços médios dos produtos, de 1,71%, no começo do ano. Foram identificados 11 itens em alta e oito em queda, entre eles o feijão, que já ficou 38,87% mais barato em relação ao mês passado.

Segundo o pesquisador José Sidnei Gonçalves, do IEA, este mês houve uma valorização de 11% sobre igual período no ano passado, com a saca de 60 quilogramas (kg) do feijão cotada a R$ 60, ainda abaixo do custo de produção, que é de R$ 80.

Ele observou que, ao longo do ano passado, o Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR), medido pelo IEA, aumentou 36,4% como efeito da “recuperação da demanda internacional, do aumento da economia interna e da recuperação de preços que estavam muito baixos no ano anterior por conta ainda dos efeitos da crise financeira internacional de 2008”.

Entre os que, momentaneamente, sofreram pressões de preço por consequência das chuvas estão o tomate, com alta de 54,67%.

No maior entreposto da América Latina, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), também não há crise de abastecimento pressionando os preços, informou o economista da companhia Flávio Godas. Segundo ele, as verduras aumentaram de preço em torno de 15% nesse começo do ano. O economista lembra que há boas opções em oferta, como batata, berinjela e pimentão e vários tipos de frutas.

O Índice Ceagesp mostra que, ao longo do ano passado, houve queda de l,73% na média dos preços de 105 produtos analisados. Só os legumes e as verduras tiveram reduções mais acentuadas, de 22,76% e 37,33% respectivamente. A diminuição média só não foi mais acentuada por causa da elevação de preços das frutas (10,5%).

Edição: Vinicius Doria

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