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Anec vê exportação de milho do Brasil abaixo de 30 mi t por fretes; soja sofre menos

Exportações de milho do Brasil devem fechar 2018 abaixo dos 30 milhões de toneladas anteriormente previstos


As exportações de milho do Brasil devem fechar 2018 abaixo dos 30 milhões de toneladas anteriormente previstos, já que as incertezas quanto aos fretes limitam os negócios de uma safra que ainda está em fase de colheita, disse à Reuters a Anec, sugerindo uma iminente revisão das previsões feitas pelo setor. “Há 40 dias que não se precifica nada de milho no mercado interno. Ou seja, não há aquisições junto aos produtores em função das incertezas com os fretes... Se isso demorar a ser resolvido, ficaremos com uma janela muito curta para exportar, e as vendas ficarão para o ano que vem”, disse o assistente executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, Lucas Trindade. Para ele, o impacto sobre os embarques de milho do Brasil em 2018 já é um fato, e a Anec está revisando suas projeções, de 30 milhões de toneladas, para algo em torno de 28 milhões.

Em junho, por exemplo, as exportações brasileiras de milho totalizaram 140 mil toneladas, apenas um quarto do observado um ano atrás, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O Brasil, segundo maior exportador de milho depois dos Estados Unidos, deve colher 58,2 milhões de toneladas de milho na “safrinha” deste ano, de acordo com o governo.

Soja escapa

A questão dos fretes afetou menos o segmento de soja, que em junho registrou embarques expressivos, a despeito das indefinições em torno dos custos com transporte, disse Trindade, da Anec. O Brasil é o maior exportador global da oleaginosa.

Em junho, as vendas ao exterior cresceram 13,3 por cento na comparação anual, segundo a Secex, contrariando previsões que apontavam para uma queda diante dos fretes mais caros.

Trindade explicou que boa parte da oleaginosa colhida neste ano já estava negociada e armazenada em pontos logísticos “estratégicos” quando começaram a ocorrer aumentos no preço de frete, o que permitiu aos compradores escoar a produção. “Foi um prejuízo absorvível”, disse ele, referindo-se ao custo do frete, acrescentando que o desempenho no mês passado foi também em parte impulsionado por cerca de 1 milhão a 1,5 milhão de toneladas que deixaram de ser exportadas em maio por causa dos protestos de caminheiros, e acabaram adiadas para junho.

O gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Amaral, comentou que algumas rotas de transporte estão com fretes acima daqueles estipulados em tabela da ANTT, “viabilizando pontualmente” o escoamento. “Em algumas rotas, basicamente em Mato Grosso, o frete já estava acima da tabela, então nessas rotas ocorreu (escoamento). Nas rotas onde o mercado está abaixo, não houve transporte”, comentou.

Segundo o pesquisador Samuel da Silva Neto, da Esalq-Log, da Universidade de São Paulo (USP), a rota entre Lucas do Rio Verde (MT) e o Porto de Santos (SP) viu o frete aumentar para 310 reais por tonelada em junho, de 290 reais em maio. Entre Rio Verde (GO) e Paranaguá (PR), o valor passou de 198 para 210 reais.

 “O mercado de fretes de grãos, antes mesmo da paralisação (dos caminhoneiros), já estava em patamares altos. Isso porque vínhamos de safras volumosas de soja e milho, no ano passado e neste também”, afirmou o pesquisador. “O que vimos em junho foi uma retomada dos embarques, com os embarcadores, tradings e produtores tirando o atraso nas entregas (de soja).”

Para Amaral, da Abiove, o momento segue incerto para o setor, mesmo com as exportações tendo se mantido firmes em junho. “A metodologia (da ANTT) não está clara, foi uma mudança de regras no meio de uma safra já contratada, as empresas não sabem como trabalhar.”

A tabela de fretes foi elaborada pelo governo como uma das medidas para encerrar os protestos de caminhoneiros.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse nesta quarta-feira que é importante um “entendimento” sobre o assunto para não “aumentar os problemas” da agropecuária.

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