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Anemia infecciosa equina e mormo preocupam veterinários e criadores em MS

Uma capacitação para veterinários de MS irá abordar as características de duas doenças que podem tirar o sono de muitos produtores rurais: o mormo e a AIE.


Uma capacitação realizada de 16 a 19 de maio para veterinários de Mato Grosso do Sul irá abordar as características de duas doenças que podem tirar o sono de muitos produtores rurais: o mormo e a anemia infecciosa equina (AIE). A primeira Capacitação de Médicos Veterinários do Programa Nacional de Sanidade Equídea (PNSE) no estado reúne cerca de 200 profissionais em Campo Grande para repassar informações que ajudarão a prevenir e diagnosticar essas enfermidades.
 
"Aqui nós temos profissionais do serviço oficial da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro). Temos também colegas do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea), do serviço oficial do Paraguai (Servicio nacional de Calidad y Salud Animal - Senacsa) e também profissionais da iniciativa privada. Qualquer programa sanitário não pode ser executado sozinho. A gente precisa dessa parceria, da participação do setor privado", afirma o diretor presidente da Iagro, Luciano Chiochetta.
 
De acordo com Luciano, a anemia infecciosa equina afeta o Pantanal e o Planalto de maneiras diferentes em Mato Grosso do Sul. "A AIE tem alta prevalência no Pantanal e, por esse motivo, não é obrigatório o sacrifício dos animais infectados na região - as ações se baseiam no diagnóstico e na separação da tropa infectada (...). Já no Planalto, como a prevalência é baixa, a principal medida é o diagnóstico, principalmente em locais de aglomeração de animais. Quando é detectada a doença, é necessário fazer o sacrifício desse animal", diz.
 
Em relação ao mormo, Luciano afirma que a enfermidade foi registrada em MS somente no ano passado. "O que temos observado é que a incidência da doença está baixa. Por esse motivo, embora seja uma enfermidade que tenha gerado muita polêmica em relação ao diagnóstico e às medidas de controle, é importante que se adote a medida de eliminação das fontes de infecção. A gente realiza a eutanásia dos animais contaminados para evitar que a doença se dissemine no estado".
 
Para o diretor presidente da Iagro, a educação sanitária e a prevenção são algumas das principais medidas para evitar perdas. Saiba mais sobre essas doenças e como preveni-las:
 
Anemia infecciosa equina
 
A AIE é uma doença viral incurável que ataca os equídeos (cavalos, burros, mulas e jumentos), mas não tem incidência sobre os humanos. Entretanto, a ação humana tem uma grande importância na contaminação dos animais: de acordo com a pesquisadora Márcia Furlan, da Embrapa Pantanal, o manejo sanitário inadequado é a principal via de transmissão da enfermidade, que acontece pelo contato com o sangue infectado.
 
Esse sangue pode estar presente nas tralhas, freios, bridões e esporas dos cavalos, por exemplo, e é preciso apenas uma pequena quantidade de sangue para infectar animais sadios. Por isso, a pesquisadora recomenda a higienização frequente desses materiais com água e sabão, deixando-os secar no sol quente (especialmente se forem usados em mais de um animal). Outro aspecto fundamental é o uso de agulhas e seringas descartáveis. "Um kit descartável com agulha e seringa custa em torno de 30 centavos. É um investimento muito pequeno para um animal que pode trabalhar na fazenda a vida inteira", afirma.
 
Mormo
 
O mormo é uma enfermidade causada pela bactéria Burkholderia mallei, que ataca equídeos, felinos e pode atingir também os humanos. "Ainda que não seja usual encontrar casos em humanos, se eles ocorrerem, poderão ser fatais, considerando a dificuldade do diagnóstico". Quem dá as informações é o professor Fernando Leandro dos Santos, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que estudou a evolução da doença na região nordeste do país. 
 
Segundo Fernando, o mormo é transmitido por meio do contato com as secreções produzidas pelos animais infectados: muco, pus, urina e fezes. Os sintomas podem ser bem aparentes, mas isso não é regra, de acordo com o professor. "O maior risco é quando se tem um animal assintomático. Ele está infectado, tem lesão, tem a doença, mas não aparenta", afirma. Em humanos e animais, o mormo pode causar abcessos pelo corpo e pneumonia, diz o professor.
 
Por isso, Fernando ressalta a importância de se realizar exames nos animais – especialmente quando novos equídeos entram na propriedade e durante as participações em eventos. "As aglomerações facilitam a transmissão – principalmente quando existem bebedouros ou cochos coletivos", diz. De acordo com o professor, não há tratamento para a doença. Por isso, ela apresenta graves riscos do ponto de vista econômico e à saúde pública. "Os pacientes humanos infectados podem não responder satisfatoriamente ao tratamento, à terapia com antibióticos mais clássica. E aí, pode ser que não dê tempo do indivíduo se recuperar".

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