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Angus foca no aprimoramento genético para fins econômicos

Seleção genética é foco de primeiro dia do Congresso Angus


Após o uso de marcadores para aprimoramento do melhoramento da raça, a Angus parte agora para a adoção de indicadores com fins econômicos. A ideia, já em curso nos Estados Unidos por meio do uso de Diferença Esperada de Progênie (DEPs), está entre os desafios do Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo) da Associação Nacional de Criadores Herd Book Collares (ANC). Segundo a coordenadora do Promebo, Fernanda Kuhl, a proposta, ainda em fase de pesquisa, busca achar alternativas que tornem a criação de gado mais rentável aos pecuaristas. “Queremos que os produtores criem animais mais produtivos em quantidade de carne e, consequentemente, mais rentáveis”, frisou Fernanda. A proposta é usar indicadores para melhorar as avaliações já realizadas pelo programa. Uma das ações em estudo é o incremento dos dados reprodutivos dos ventres, como índice materno e DEPs para tamanho adulto. 

Mesma preocupação norteia o trabalho da Associação Americana de Angus. Segundo Dan Moser, presidente da Angus Genetics (AGI), empresa ligada à associação, de Missouri (EUA), a popularidade da Angus nos Estados Unidos está relacionada diretamente a esse pioneirismo no uso de tecnologia, como foi, no passado, o caso do ultrassom para avaliação de carcaças e a mensuração dos DEPs de produtividade. O uso dos DEPs de finalidade econômica, acrescenta ele, permite ao pecuarista “produzir mais rápido o gado que os clientes querem”. “Essa é a importância da genômica. Ela nos dá informações que não teríamos de outra forma”, pontuou durante palestra no 3º Congresso Brasileiro de Angus, nesta quarta-feira (29/6) em Porto Alegre. O evento segue nesta quinta-feira no Centro de Eventos do Hote Plaza São Rafael.

Promebo – A coordenadora do Promebo, Fernanda Kuhl, pontuou que o projeto ainda é um desafio à vista no Brasil, mas é uma tendência forte uma vez que os criadores de Angus, especificamente, estão muito preocupados em levar a qualificação das carcaças ao detalhe. Fernanda ainda traçou um histórico do Promebo, explicando a metodologia de avaliação dos reprodutores. Atualmente, há 175 rebanhos em avaliação. Os resultados genéticos da Angus indicam uma tendência de avanço dos ganhos de peso positiva, mas não extremada. “Isso é bom porque buscamos  animais equilibrados. Não queremos animais que ganhem peso indefinidamente e não tenham conformação e o acabamento de gordura desejados”, frisou.

Seleção genética é foco de primeiro dia do Congresso Angus

Criadores e pesquisadores internacionais alternaram-se ao apresentar tendências para  seleção de bovinos Angus  nesta quarta-feira (29/6) durante o 3º Congresso Brasileiro de Angus. Apesar do amplo aparato tecnológico e das informações disponíveis por meio dos DEPs, há consenso de que ainda há muito a avançar e que os produtores precisam usar mais e melhor os dados disponíveis. Segundo o canadense Denis Serhienko, da Associação Canadenses de Angus, de modo geral, os pecuaristas precisam se apropriar dos dados disponíveis e usá-los a seu favor para desenvolver a atividade. Sobre as potencialidades da pecuária brasileira, o especialista canadense garante: “Nos últimos dias viajei o Brasil de Norte a Sul e saio com a certeza que o Brasil tem mais oportunidade e potencial de fornecer ao mundo uma carne bovina de qualidade a base de pasto e livre de hormônios. Vocês têm mais potencialidades do que qualquer outro lugar do mundo, e o Angus é o caminho”.

A relevância das informações de qualidade foi referendada pelo produtor Ulisses Amaral, da Cabanha Santa Joana, de Santa Vitória do Palmar (RS). “Não teremos bons resultados se entrarmos com uma informação errada dentro de um programa de melhoramento. É essencial coletar as informações corretas para seguir”, pontuou. Durante o 3º Congresso Brasileiro de Angus, Amaral contou a história da propriedade que se confunde com a da própria família que, há 70 anos, criar a raça. “É impossível fazer uma seleção com ganho positivo em todas as variáveis. O que importa é, ao longo dos anos, ter uma evolução positiva”, pontuou.

Weber lança campanha associativa

O presidente da Associação Brasileira de Angus, José Roberto Pires Weber, abriu o 3º Congresso Brasileiro de Angus com discurso otimista e conclamando criadores a unirem-se para desenvolvimento do raça no Brasil. “Apesar da crise, nos primeiros quatro meses de 2016, a venda de carne Angus cresceu de forma consistente", pontuou. Weber pediu que o Congresso seja visto como um momento emblemático para readequar os processos produtivos, onde possamos “aprender e ensinar, transmitir experiências”. Representando o governador José Ivo Sartori, o secretário da Agricultura, Ernani Polo, destacou a força da raça e do agronegócio na superação da crise. “Reconheço o trabalho e esforço que se empreende na atividade, mas nos preocupa a elevação dos custos que pode impactar a margem de lucro dos produtores”, pontuou Polo. 

Cases de sucesso

O primeiro painel do Congresso Brasileiro de Angus – intitulado “Selecionando o Melhor Angus para o Mundo” - trouxe cases de sucesso internacional na criação da raça Angus.  Para falar sobre a experiência de construir um dos maiores criatórios dos Estados Unidos, Don Shiefelbein expôs com muito bom humor os processos adotados na Shiefelbein Angus Farm, de Minessota (EUA), propriedade baseada em um modelo familiar. Em sua explanação, destacou a importância da transferência de embriões para manter uma criação com animais de elite.  Com mais de 700 ventres registrados em seu programa de seleção, a propriedade é uma das únicas da região que ainda resiste ao processo de arrendamento. Segundo Shiefelbein, manter a propriedade como um bem ativo possibilita enfrentar com maior facilidade eventuais percalços. “Somos uma fazenda familiar, isso muda a visão que temos sobre a forma de conduzir o nosso trabalho”, disse o palestrante. 

Outro exemplo de tradição na criação de Angus foi a da Estância Los Pamperos, da Argentina. Arquiteto por formação e pecuarista por vocação, José Pampuro apresentou aos participantes do 3º Congresso Brasileiro de Angus o projeto de seleção de reprodutores por meio de DEP’s com base em parâmetros como tempo de gestação, peso ao nascer, peso ao desmame, peso final e circunferência escrotal. O criador explicou em detalhes os avanços obtidos no rebanho com o uso da seleção genômica com base em exemplos práticos da propriedade. Seus animais participam do programa Evolução de Reprodutores Angus (ERA). Também mencionou a importância de capacitação das equipes envolvidas no manejo e uso de instalações adequadas de trabalho. 

 

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