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Ano fecha em baixa em MT

De acordo com os pecuaristas, em 15 dias houve desvalorização de cerca de 7% sobre as cotações


De acordo com os pecuaristas, em 15 dias houve desvalorização de cerca de 7% sobre as cotações

A cotação da arroba do boi gordo, em Mato Grosso, deverá fechar o ano no menor patamar registrado em 2011, abaixo de R$ 90. Nos últimos 15 dias, o valor pago à arroba, pelos frigoríficos, baixou 6,25%, passando de R$ 96 para R$ 90. Enquanto o preço pago ao pecuarista cai, os cortes comercializados no varejo exibem alta de 40% no acumulado dos onze primeiros meses do ano, ante mesmo período do ano passado.


A pressão baixista sobre o segmento e a ascensão dos cortes bovinos vem sendo acompanhada pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O superintendente da Associação, Luciano Vacari, exclama que nunca viu uma desvalorização dessa proporção nesta época do ano no Estado. “Não existe oferta de boi que permita ou justifique de forma mercadológica este recuo. Não existe mais boi de confinamento para ser comercializado e por isso a relação oferta e demanda está bastante equilibrada”, completa Vacari.

Vacari destaca que em a injeção de mais dinheiro na economia nesta reta final do ano amplia naturalmente o consumo, inclusive de carne bovina, “movimento que deveria gerar valorização sobre a arroba em função de maior demanda, mas o que se vês é um efeito contrário que encontra no oportunismo da indústria a única explicação”.

A Acrimat acredita que a pressão baixista seja uma estratégia imposta pelos frigoríficos, já que muitos criadores se vêem na necessidade de vender mais animais para fazer caixa frente às despesas de final de ano com a propriedade e seus funcionários. “Mas, o pecuarista sem receber a devida remuneração pela arroba tem o direito de não vender e esperar por um melhor momento”.

O diretor de Relações Públicas da Acrimat e pecuarista, Mário Candia, exclama que não consegue entender como o preço da arroba cai 10% (no caso dele) e sobe 40% no varejo. “Tem alguém ganhando nesta história e não somos nós. Do meu bolso só saiu 10% e não entrou nada”. Ele acredita que a pressão sobre a arroba seja motivada pela necessidade de ‘caixa’ dos criadores, “mas a alta ao consumidor, nesta proporção, não tem explicação”, reforça.

Vacari acrescenta ainda que a pressão exercida pelos frigoríficos reflete a falta de unidades de abate, em função do fechamento de mais de mais de uma dúzia de plantas, em Mato Grosso. “Em muitas regiões o pecuarista não tem opção na hora de comercializar o boi e fica sujeito às imposições das indústrias”.


IMEA – Com base na análise da média móvel do mercado local de 5 a 9 deste mês, a queda da arroba do boi gordo à vista veio acompanhada do aumento das escalas de abate nos frigoríficos do Estado. Verifica-se que entre o pico do preço de R$ 93,55 pela arroba, atingido no dia 23 de novembro, e o dia 9 de dezembro, a arroba do boi acumulou queda de 4,2%, chegando ao preço de R$ 89,62. “Enquanto isso, a escala de abate nos frigoríficos avançou, saindo da casa de seis dias, em média, para aproximadamente nove dias”, ou seja, o frigorífico ampliou o intervalo das compras.

VAREJO – Enquanto a trajetória do valor da arroba no Estado é descendente, nos preços dos cortes no varejo o histórico é contrário: até novembro a média de alta da carne é de 40,2% em relação ao acumulado de 2010, com pico de alta de mais de 68% no caso da picanha.

Conforme levantamento do Imea, na comparação entre os preços de novembro de 2010 com o mês passado, o corte que mais encareceu no varejo foi o acém, alta de 16,88%. No acumulado de 2011 ante 2010 a picanha lidera, com preço do quilo passando de R$ 27,28 para R$ 45,94 e na variação mensal, novembro ante outubro, o lagarto aumentou 26,72%. Nesta mesma comparação, o quilo do filé mignon que em outubro custava em média, R$ 29,99 passou para R$ 37,06, alta de 23,57% em apenas um mês.

Ainda de acordo com o Imea, na comparação entre os acumulados de janeiro a novembro de 2010 e 2011, a alta dos preços no varejo é generalizada, vai dos cortes tidos como mais nobres aos de ‘segunda’ e em qualquer um deles a majoração não é inferior a 30%. O músculo que teve cotação média de R$ 8,52/kg em 2010, registra em 2011 alta contínua até atingir o pico de R$ 11,15 em outubro, preço mantido no mês passado. No entanto, entre 2010 e 2011, o aumento é de 35,61%.

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