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Anúncio de suporte do BNDES para o grupo JBS gera debate

O anúncio do apoio do BNDES para o grupo JBS, reabriu o debate sobre os critérios que deveriam ser exigidos pelo banco para o aporte de recursos


O anúncio do apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o grupo JBS, controlador do frigorífico Friboi, na operação de compra da empresa Swift, confirmado na semana passada, reabriu o debate sobre os critérios que deveriam ser exigidos pelo banco para o aporte de recursos. Segundo o presidente do banco, Luciano Coutinho, o BNDES apoiará outras operações que visem a dar suporte para empresas brasileiras no cenário internacional, com vistas ao aumento das exportações, por exemplo.

Sem comentar especificamente a operação da Friboi, o pesquisador Carlos Tautz, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), afirma que o BNDES deve ratificar o seu caráter público e o seu compromisso com o desenvolvimento do Brasil. “Ele não pode se igualar aos outros bancos de financiamento que visam exclusivamente o retorno financeiro", diz ele.

"É um banco de desenvolvimento e um banco público, e isso dá a ele certas características e exigiria que tivesse outros critérios quando desembolsasse os seus empréstimos”, afirma Tutz, que também faz parte da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais.

Segundo ele, o banco deveria ser fortemente reorientado para reduzir desigualdades sociais no Brasil e contribuir para que o processo produtivo deixe de emitir gases causadores das mudanças climáticas. “O banco tem tamanho, tem força, tem capacidade e recursos suficientes para influenciar a matriz produtiva no Brasil”, afirma.

Na sua avaliação, ao fazer um aporte para empresa se instalar na Bahia, por exemplo, o financiamento deveria estar condicionado a que pelo menos 80% dos trabalhadores fossem negros e negras e em cargos no mínimo de direção, já que essas são as estatísticas de pessoas dessa raça no estado. “O banco tem como elaborar e colocar esse critério em prática, é só ter decisão política nesse sentido”, explica. Tautz conta que, há três anos, o Ibase vem dialogando com o banco para sugerir critérios sociais e ambientais para os aportes realizados.

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