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Anvisa paralisa operações no Porto de Santos


O maior porto da América Latina, o de Santos, está parado. Tudo por causa da greve dos funcionários da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), que estão com suas atividades paralisadas há 10 dias em protesto à proposta do governo federal de enquadrá-los na tabela da Medida Provisória 158.

"Essa discussão vem acontecendo há três anos, mas sempre é postergada. Agora, estorou de uma maneira que nunca vi em 40 anos de atividades portuárias. Não consigo entender como o governo pode parar. A radicalização está dentro do governo", afirma José Roberto Mello, gerente executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo.

Segundo Mello, o prejuízo maior é com a credibilidade do País. "Como as empresas vão investir ou comprar produtos brasileiros se não podem confiar na pontualidade da entrega?", afirma. Além disso, há também o custo diário que um navio não atracado no porto acarreta ao operador portuário.

De acordo com Carlos Eduardo Magano, presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo, há 43 navios parados na barra (fundeados no mar), sendo que 20 estão associados à greve dos funcionários da Anvisa. Com um custo médio de US$ 25 mil por dia de navio parado na barra, calcula-se um prejuízo de aproximadamente US$ 500 mil por dia por 20 navios parados. "Uma greve desse porte faz com que as empresas percam mercado, aumentem seu custo logístico e o porto passa a ser considerado de risco. A questão logística começa a refletir sobre os preços que ficam em declínio", diz Magano.

No feriado do carnaval, cerca de 70 navios foram desviados do Porto de Santos e liberados pelo Porto de São Sebastião. "São Sebastião é um porto estadual e foi fechado um acordo emergencial para liberar os navios. Quem não foi liberado em São Sebastião, desviou a rota", diz Mello.

O grupo Cosan, um dos maiores usineiros do País, tem um navio parado, Gladiator I, há seis dias à espera da liberação para atracação. O custo diário desse navio, que veio da Nigéria, é de US$ 25 mil, informa Magano, que também é diretor da Cosan.

O maior exportador de veículos do País, a Volkswagen do Brasil, está passando por sérios embaraços. "Nos últimos oito dias já perdemos um navio que sairia de Santos levando 926 carros para a Argentina. E temos peças importadas da Alemanha paradas no navio. Caso não sejam desembarcadas rapidamente corremos o risco de paralisar a fábrica de São Carlos (SP), responsável pela montagem de motores. E sem São Carlos param as demais fábricas", dizia ontem à tarde visivelmente preocupado Richard Schües, diretor da Volkswagen Transport, o braço da montadora responsável pela logística doméstica, de importação e exportação.

A inquietação de Schües – além dos transtornos logísticos já contabilizados – tem a ver com embarques e desembarques de navios programados para atender a demanda do intenso comércio exterior praticado pela montadora, primeira do setor no ranking de 2003 ao exportar US$ 1,5 bilhão. "Temos mais 1,5 mil carros para embarcar, além de peças em contêineres para Estados Unidos, México e Alemanha. Estamos buscando alternativas, até mesmo consultando empresas aéreas para ver se resolvemos casos mais prementes".

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