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Apagão argentino deve render R$ 210 milhões aos moinhos do País

Com a crise energética na Argentina moinhos brasileiros devem aumentar 2,5 as vendas internas da farinha de trigo


Na comparação com o segundo semestre do ano passado, o crescimento deve ser de 4%, segundo o vice-presidente do presidente do Sindicato das Indústrias do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), Christian Saigh.

Isso porque as companhias devem substituir as importações do produto argentino, já que as processadoras do país vizinho não estão conseguindo produzir a matéria-prima por falta de energia e nem realizar as entregas programadas.

Tal cenário deve render às companhias brasileiras pelo menos um aumento de R$ 210 milhões no faturamento deste ano - o equivalente as 180 mil toneladas de trigo que seriam embarcadas pelos argentinos. A previsão dos moinhos argentinos era de entregar ao Brasil 400 mil toneladas neste ano, mas diante da crise, deverão deixar de embarcar as 180 mil toneladas restantes até o fim do ano. Até junho, já exportaram 220 mil toneladas.

Porém, se por um lado, os moinhos brasileiros comemoram o espaço obtido na farinha de trigo, por outro lado se queixam da falta da matéria-prima - um problema mundial.

No caso do Brasil, a escassez do grão começou a se agravar em maio quando o governo argentino embargou as vendas do cereal a fim de controlar a inflação local. Em razão da Argentina ser o principal fornecedor do cereal do Brasil, a escassez provocou aumento de 41% nos preços do trigo entregue à indústria nacional.

Para Saigh, que é também diretor do moinho Santa Clara, a alta tem sido repassada paulatinamente para o consumidor, "pois os moinhos não têm condições de absorver tamanho reajuste". "Daqui para frente os preços do trigo vão subir mais ainda porque o grão importado terá a incidência da TEC (Tarifa de Externa Comum) de 10%", disse Saigh. Para atender à demanda interna, os moinhos brasileiros necessitam importar ainda 1,5 milhão de toneladas do cereal de terceiros países.

A Bunge Alimentos, maior processadora de trigo da América Latina, informou ontem à Reuters que planeja adquirir um adicional do grão dos Estados Unidos ou Canadá. Ela processa no País cerca de 2 milhões de toneladas de trigo a cada ano.

O analista da Agência Rural, Benedito de Oliveira, acredita que uma parte do reajuste do cereal já foi repassado para o consumidor. "No Paraná, por exemplo, já houve um aumento de 25% nas empresas de panificação nesse últimos dois meses. O pão francês que custava R$ 0,20 em alguns lugares subiu para R$ 0,25", disse Oliveira. Para ele, o preço do trigo até o fim do ano deve subir 50% sobre 2007.

A direção do Sindustrigo diz que vem alertando o governo sobre esse cenário. A assessoria do Ministério da Agricultura informou que o órgão está estudando a redução da TEC.

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