Em torno de 1,7 milhão de hectares de arroz já está plantado em território nacional,segundo informações repassadas pelo técnico do Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Instituto Cepa/SC), César F. Silva.Isto equivale a 52% da área total, estimada em 3,27 milhões de hectares.
Comparando-se com idêntico período da safra 01/02, constata-se que o atraso no andamento do plantio nacional está em torno de 8%. Observa-se, também, que esse atraso vem ocorrendo destacadamente nos dois estados que são os maiores produtores - Rio Grande do Sul (-17%) e Mato Grosso (-22%).
Por esta razão,Silva enfatizou que , é possível haver alguma redução na produção nacional do grão - redução que poderá ser ampliada pelas conseqüências do fenômeno climático "El Niño", já em curso. Se assim for, a produção deverá ficar abaixo de 11 milhões de toneladas.
O mercado interno do grão, portanto, mesmo vindo a ter uma oferta superior aos 10,5 milhões de toneladas da safra 01/02, não deverá se livrar dos preços altos e das pressões pela importação do produto. A "colaborar" com esta situação, as produções de arroz da Argentina e do Uruguai - em que pesem as graves crises por que passam os dois países - estão calculadas em cerca de 780 mil toneladas cada uma. Estima-se em 155,9 mil hectares a área total de arroz que está sendo plantada na Argentina e em 130 mil hectares no Uruguai.
Segundo César F. Silva, do Instituto CEpa/SC, em relação à última safra colhida, estes números expressam: aumentos de 23,5% na produção e de 26% na área, e um decréscimo de 2% na produtividade argentina (de 5.100 kg/ha para 5.000 kg/ha); decréscimos de 7,5% na produção e de 17% em área cultivada,e um acréscimo de produtividade uruguaia de 12% (de 5.370 kg/ha para 6.000 kg/ha).
A partir dessas produções, ter-se-á um suprimento de 2.031mil toneladas nos dois países (1.030 mil na Argentina e 1.040 mil no Uruguai). Os excedentes exportáveis, gerados nesses dois países, a serem direcionados para o mercado brasileiro seriam, então, de 1,05 milhão de toneladas. Isto, sem contar a extraordinária elevação da demanda, derivada da aplicação do programa de combate à fome no futuro governo Lula. O mercado do produto não apresenta novidades em relação às semanas anteriores, ou seja, persiste o ritmo lento de negócios, efetuados em pequenas quantidades e a preços aquecidos.
Por isso, foram realizados novos leilões de venda de arroz estocado no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Mato Grosso. Nos dois estados sulinos, como esperado, o pregão eletrônico comercializou a quase totalidade da oferta. Mais precisamente, vendeu 97,7% (5,46 mil toneladas) de 5,59 mil toneladas.
Em Mato Grosso, realizaram-se três leilões, envolvendo 121,5 mil toneladas. No primeiro deles, foram ofertadas e comercializadas 1,15 mil toneladas de arroz de baixo padrão oriundo de AGF. No segundo pregão, ofertaram-se 101,2 mil toneladas e negociaram-se 23 mil toneladas (22,7%). No terceiro leilão, transacionaram-se 9,9 mil toneladas (58,2%) das 17 mil toneladas postas à venda.
O movimento de alta dos preços vem perdendo fôlego. É o que mostra sua evolução nos últimos quinze dias no atacado paulistano, onde a saca de 60 quilos do arroz agulhinha tipo 1 caiu 4,1% (de R$ 72,50 no dia 13/11 para os atuais R$ 69,50). O tipo 2 caiu 3,6% (de R$ 68,59 para R$ 66,00).
Os produtores catarinenses receberam, hoje, por 50 quilos de arroz em casca, com 58% a 59% de inteiros, R$ 25,00 nas praças de Rio do Sul e Jaraguá do Sul - as mesmas de quinze dias atrás. No sul do estado, esses mesmos preços caíram R$ 1,00 (de R$ 28,00 para R$ 27,00).