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Apetite chinês por soja do Brasil deve dobrar até 2021

Relações comerciais entre Brasil e China estão no foco das atenções políticas


Presidente da maior empresa privada chinesa de beneficiamento calcula que importação chegue a 100 milhões de toneladas em 10 anos

Cuiabá - As relações comerciais entre Brasil e China estão no foco das atenções políticas dos dois governos e a aproximação com a potência asiática anima os sojicultores brasileiros. A expectativa de aumento na exportação foi ressaltada durante a abertura do 6º Circuito Aprosoja, promovida na semana passada, em Cuiabá, pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja) e pelo Senar-MT. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em 2010, o Brasil exportou 19,06 milhões de toneladas de soja para a China.

O presidente executivo de investimentos da Hopefull & Holding Corp - maior empresa privada de beneficiamento de soja da China -, Lin Tan, argumentou que o aumento da renda possibilitou que a população chinesa consumisse mais carne. Como a soja é a base da ração utilizada para alimentar os suínos e aves, a demanda asiática pela oleaginosa cresce constantemente. Atualmente, a China importa 50 milhões de toneladas de soja, mas a estimativa, segundo Lin Tan, é duplicar esse volume até 2021.

Apesar das estimativas otimistas, Lin Tan afirmou que a elevação dos preços da soja pode reduzir a demanda por parte do gigante asiático. Por outro lado, o empresário chinês disse não ver problema na lentidão da expansão agrícola brasileira, pois, segundo ele, a produção consegue sustentar a demanda. ''O problema é de infraestrutura industrial'', apontou.

''O foco dos investimentos chineses no Brasil é para melhorar a produção'', destacou Lin Tan. Segundo ele, é improvável que chineses venham adquirir terras para produzir soja no Brasil. ''Não temos conhecimento necessário para gerir uma fazenda grande e moderna no Brasil'', observou. Lin afirmou que já esteve no Paraná, onde estudou o sistema de produção em lavouras de soja de alguns municípios como Londrina e Cascavel. Segundo ele, é difícil falar sobre expectativa de investimentos da China no Brasil, pois isso depende de ações governamentais e de instituições privadas. ''Existem empresas privadas com interesse de investir no Brasil, mas é difícil saber em qual lugar porque depende do interesse de cada empresa'', desconversou.

Lin Tan informou que, no momento, sua empresa de processamento de soja não pretende instalar uma filial no Brasil, pois ainda é mais vantajoso importar o grão e processar na China. ''Se no futuro tivermos a ideia de criar uma processadora no Brasil será para exportar para outros países, e não para a China'', esclareceu. O empresário lembrou que atualmente os principais investimentos chineses no Brasil são em infraestrutura, como logística, construção de rodovias e do trem bala que vai ligar as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, um projeto elaborado e financiado por chineses.

Paraná

Segundo dados do Imea, em 1996, a China não exportava soja proveniente do Paraná. Mas, no ano seguinte, a participação paranaense chegou a 25% do total, mesmo índice registrado em 2010. No entanto, no intervalo entre as duas décadas as participações oscilaram consideravelmente, chegando a 48% em 1998 e 10% em 2006. Em 2010, o Paraná vendeu para os chineses 4,67 milhões de toneladas.

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