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Aprosmat denuncia ao Ministério da Agricultura cultivo transgênico em Campo Verde e Primavera/MT


Agora não é comentário. A soja transgênica é cultivada em lavouras mato-grossenses. Quem afirma é a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), que denunciou o fato ao Ministério da Agricultura. A primeira instituição a abordar plantios transgênicos foi a Fundação Mato Grosso, pelo seu diretor técnico, Dario Hiromoto. Em 16 de junho do ano passado, Hiromoto disse ao Diário que haveria cinco mil ha de soja transgênica plantada no estado com sementes contrabandeadas da Argentina.

A denúncia da Aprosmat, no final de 2002, fala de plantio transgênico por pivôs de irrigação em Campo Verde e Primavera do Leste. A investigação, conduzida pelo chefe do Setor de Fiscalização e Fomento Vegetal da Delegacia Federal do Ministério da Agricultura em Mato Grosso, agrônomo Francisco Pinto de Alencar, o Chicão, teria sido feita em cerca de 75 pivôs nos dois municípios. Chicão não encontrou soja nas áreas. Segundo ele, a denúncia foi tardia, após a colheita, que é feita em setembro/outubro. "As áreas já estavam gradeadas para outras lavouras", explicou.

A soja irrigada por pivôs é plantada em maio/junho e colhida em setembro/outubro. Nem toda ela é destinada à semente, revela o presidente da Cooperativa Agrícola dos Irrigantes de Primavera Leste (Agrivera), Itamar Tormen. "Não tenho conhecimento de plantio transgênico por associado, mas não posso entrar na lavoura de ninguém para fiscalizar", se defende Tormen.

A quantidade de pivôs denunciados (aproximadamente 75) coincide com o número desses equipamentos em uso na região. Segundo o produtor proprietário de pivôs, Guidone Romeu Dalastra, de Campo Verde, em seu município existem 15 pivôs, e em Primavera, aproximadamente outros 60.

O presidente da Aprosmat, Edeon Vaz Ferreira, falou com a reportagem por telefone mas não abordou a questão de denúncia. Limitou-se a dizer que a soja transgênica está presente em Mato Grosso, mas que não pode ser mensurada, "por ser ilegal e fugir ao controle das autoridades". Em tom evasivo citou 20 mil ha transgênicos. Edeon não é contrário a esse plantio. No entanto, não aceita a idéia de se importar material genético da Argentina ou Costa Rica. Defende que a liberação dos transgênicos seja gradual, com o produto rotulado e fiscalizado.

A soja irrigada é basicamente destinada à semente. Daí o risco de sua multiplicação. "Ao contrário do que se propaga, a soja transgênica se reproduz", alerta Chicão. Para o produtor, a diferença dela para a convencional, é o custo, que cai pela metade, por dispensar tantos tratos culturais. Se ela é nociva ou não para consumo humano, é outra história, que dependerá de estudos científicos.

Se os pivôs a cultivaram com material transgênico para plantio na próxima safra em Mato Grosso, a fiscalização a encontrará. Quem sustenta isso é Chicão. Ele tem em mãos kits para teste em campo, logo após a germinação da semente. Esses equipamentos têm precisão, alta confiabilidade e podem ser aplicados em larga escala, por sua facilidade de transporte.

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