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Aquecimento pode causar mudanças profundas na agricultura

Áreas usadas para o cultivo de diversos produtos, mudarão sua aptidão por causa da temperatura e disponibilidade de água


Áreas que atualmente têm condições favoráveis ao cultivo de alguns produtos, terão a aptidão modificada pelo aumento da temperatura e disponibilidade de água

Especialistas de diversas áreas, órgãos e entidades que se dedicam ao meio ambiente e cidadãos do mundo vivem às voltas com perspectivas e previsões sobre os efeitos do aquecimento da temperatura no planeta. Dos mais pessimistas aos que ainda vislumbram saídas possíveis, a preocupação é com a disponibilidade de recursos naturais, condições de vida e alimentos para os seres humanos.

O futuro depende das ações do homem, que podem acelerar ou minimizar os efeitos do aquecimento global. Seja qual for a atitude tomada pela humanidade, o certo é que o processo de mudança é irreversível. A produção de alimentos é uma das áreas que mais despertam a atenção e a preocupação atualmente.

Um estudo feito por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - "Aquecimento global e a nova geografia da produção agrícola no Brasil" - mostra futuros possíveis para o setor e vislumbra mudanças na geografia da produção agrícola no Brasil. Áreas usadas para o cultivo de diversos produtos, mudarão sua aptidão por causa da temperatura e disponibilidade de água.

Segundo os autores do estudo, lançado no mês passado e apresentado no Congresso Brasileiro de Milho e Sorgo, Eduardo Delgado Assad e Hilton Silveira Pinto, a soja será o produto mais afetado, com redução de área cultivada estimada em 40% no cenário mais pessimista. O agronegócio brasileiro como um todo poderá ter prejuízos em torno de R$ 7,4 bilhões em 2020 e R$ 14 bilhões em 2070.

"Isto poderá ou não acontecer, dependendo da tomada de decisões dos homens", disse Eduardo Assad, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, a uma platéia de pesquisadores, profissionais e estudantes do Congresso de Milho e Sorgo, realizado em Londrina, na semana passada. Ele afirma que para manter oa atuais níveis de consumo e de emissão de gases são necessários três planetas iguais à Terra. ""Se nada for feito para mitigar o aquecimento global, a produção de alimentos será afetada"", alerta o documento.

O pesquisador reiteirou cobranças feitas ao governo de implementar ações para conter o avanço do desmatamento, de emissões de gases de efeito estufa e de outras que colaboram com o aquecimento global. Mas centrou sua abordagem no desafio que a pesquisa agropecuária tem para adaptar materiais para enfrentar os cenários apontados pelo estudo.

Os pesquisadores basearam-se na tecnologia Zoneamento de Riscos Climáticos, programa de computador desenvolvido pelo então Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Agrário, em 1996, em cooperação com a Embrapa, Unicamp e outras instituições. A tecnologia, que orienta toda a estrutura de crédito agrícola do Brasil, informa o nível de risco de mais de 5 mil municípios brasileiros para as culturas mais comuns.

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