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Aquíferos precisam de proteção constante

Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente destacam ações para proteção de aquíferos em um contexto sustentável


Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) destacam ações para proteção de aquíferos em um contexto sustentável, para que o abastecimento de água não seja comprometido para as próximas gerações.

Uma das medidas começaria pelas áreas de recarga direta, que são locais desprotegidos, onde o risco de contaminação é maior, explicam os pesquisadores Marco Gomes e Lauro Charlet. "Sobre tais áreas, o uso passaria a ser restrito, com faixas ou zonas de proteção, com possibilidades de enquadramento como Áreas de Proteção Permanente – APPs, que é um nível mais restrito ainda. Nas porções confinadas - protegidas naturalmente, continua Gomes, o controle seria em função de cada poço aberto, com avaliação da necessidade de abertura, fiscalização permanente depois de aberto e controle da explotação, ou seja, retirada com uso racional". Com mudanças no comportamento das pessoas a partir dos anos 80, principalmente com o aumento do consumo, os recursos naturais, entre eles as reservas de águas subterrâneas, passaram a ser exploradas de forma desordenada.

Como todos os setores da economia demandam por água em seus sistemas de produção, as águas superficiais tidas como suficientes para o abastecimento da população brasileira, já não eram vistas assim nos anos 90. "Esse cenário levou à exploração dos aquíferos, sem qualquer planejamento na retirada de água. Isso ocorreu no mundo todo e se agravou nos países mais pobres devido à perpetuação do sistema irracional e insustentável de retirada da água, permanecendo até hoje em muitos lugares", alerta Gomes.

No caso do Brasil, a situação tem se agravado muito e tende a piorar, pois a escalada de exploração dos aquíferos continua sem controle, mesmo com a legislação e a fiscalização existentes. A questão maior é que já não existe água superficial de qualidade suficiente para as demandas urbanas, salvo na região amazônica. Assim, o que se vê país afora são poços e mais poços sendo abertos em todos os lugares (áreas urbanas, rurais e industriais). Nas cidades relativamente pequenas, por exemplo, existe um poço tubular profundo em cada bairro. Conforme o pesquisador, "isso era inimaginável há duas décadas".

Diante do exposto, explica Gomes, é urgente uma mudança radical de comportamento em relação ao consumo de água, aliada a medidas fundamentais de proteção dos aquíferos e de recuperação dos mananciais superficiais.

"Um exemplo de como não avançamos muito no processo de consumo racional de água é o tão conhecido e necessário reúso, que já deveria ser obrigatório em todos os setores, mesmo nas residências mais simples, com projetos sustentáveis e de fácil acesso à população. Outra questão é o aproveitamento das águas de chuvas por meio dos telhados. Existem estudos em universidades que já mostraram a viabilidade de coleta e uso, principalmente em empresas cujas edificações ocupam extensas áreas. No caso dos resíduos sólidos (esgotos), as estações de tratamento (ETES) não avançaram muito, o que ajudaria na oferta maior de água para múltiplos usos.

Assim, com esse conjunto de medidas, certamente os aquíferos estariam em condições mais sustentáveis para manter a sobrevivência das gerações futuras, pois retiraria deles a imensa pressão de exploração atualmente existente, acredita Gomes.

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