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Área de cana-de-açúcar terá redução de 0,4%, diz StoneX

Produção de açúcar no cinturão canavieiro do Brasil deve totalizar 34,6 milhões de toneladas


Foto: Marcel Oliveira

A primeira estimativa da StoneX para o ciclo sucroalcooleiro de 2021/22 projeta que a área destinada à colheita de cana no Centro-Sul apresente redução anual de 0,4%, para cerca de 7.703,5 mil hectares. Não somente a menor extensão com a cultura deve ser analisada, mas também a sua composição: estima-se que a taxa de renovação das lavouras seja menor no ciclo analisado em relação ao anterior, na ordem de 12,6%.

Embora a taxa de reforma citada seja menor no comparativo com o ciclo 2020/21, cuja proporção foi de
13,7%, observa-se que a renovação média esperada para a próxima safra se posiciona 2,6 pontos percentuais acima da média dos últimos 5 anos. Vale ressaltar que estados considerados como áreas de fronteira, tais como Goiás e Minas Gerais, seguem apresentando um ritmo mais intenso de reforma dos canaviais, reforçando as perspectivas de melhores rendimentos essas lavouras.

De modo geral, o cenário apresentado precisa ser analisado em conjunção às condições climáticas negativas observadas durante 2020, uma vez que as precipitações ocorridas ao longo deste ano impactam o desenvolvimento da cana que será colhida no próximo.

No acumulado de abril/20 a setembro/20, as precipitações no Centro-Sul totalizaram 176,9 mm, volume
28,4% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado e que se posiciona 41,3% abaixo da média de longo prazo. Da mesma forma, para o restante de outubro, as previsões climáticas seguemapontando para chuvas abaixo da normalidade.

Inicialmente, o clima seco tende a estressar os canaviais colhidos durante o inverno, estes que atravessam o período de intenso crescimento vegetativo e, portanto, demandam uma ampla disponibilidade de água dos solos. Ademais, caso a estiagem persista, os canaviais colhidos na cauda final da safra – que costuma ser o período mais úmido do ano – também terão sua rebrota negativamente impactada, e o potencial produtivo da próxima temporada poderá ser afetado. 

Dados mais recentes do Agritempo/Embrapa mostram que a necessidade de reposição da umidade por
chuva em grande parte do Centro-Sul no início de outubro varia de entre 80 e 100 mm, volumes muito superiores às estimativas de chuva para grande parte do mês corrente. Inclusive, as condições climáticas adversasregistradas até então podem ser reforçadas pela incidência do La Niña, fenômeno climático que tende a reduzir ainda mais as chuvas no Centro-Oeste do Brasil, impactando lavouras de Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

As queimadas no Centro-Sul também podem atuar como fator limitante à produtividade esperada para os canaviais no curto e no longo prazo, mas os impactos dos incêndios precisam ser avaliados com maior profundidade ao longo dos próximos meses.

Em suma, nós da StoneX estimamos que a moagem de cana por usinas do cinturão canavieiro brasileiro totalize 590,4 milhões de toneladas em 2021/22, valor que representa uma retração safra-a-safra de 1,2%.

As discussões sobre oATR médio dos canaviais, embora pouco tangíveis neste momento, consideram que o clima mais seco ao longo dos últimos meses sustente o indicador mesmo em meio à dinâmica climática normal considerada para o próximo ciclo.

Estimamos, portanto, que a concentração de açúcares nos colmos da cana fique em 138,2 kg/t, queda de 2,5% quando comparado a 2020/21, mas elevação de 0,4% frente à média de 5 anos. É preciso ponderar, ainda, que o volume de chuvas entre outubro/20 e março/21 será fundamental para entender o real comportamento deste indicador na próxima safra canavieira do Centro-Sul.

Ao considerar os dois indicadores citados acima, o ATR total – ou a quantidade de matéria-prima que será processada pela indústria – é projetado em 81,6 milhões de toneladas, posicionando-se 3,7% abaixo do que foi observado na safra 2020/21.

No tocante às estimativas para o mix produtivo da próxima temporada, precisamos considerar a dinâmica de preços do açúcar e as perspectivas para o consumo de combustíveis de ciclo Otto no Centro-Sul. Por um lado, preocupações com relação ao balanço de O&D global de açúcar nos próximos meses têm proporcionado viés de alta às cotações da commodityno mercado internacional.

Esse contexto, analisado com maior profundidade em nossa Estimativa de Saldo Global, soma-se aos
elevados patamares do câmbio no Brasil, fazendo com que os preços do #11 tenham se sustentado no
passado recente e rompido os patamares dos R$ 1.700/t. Como não poderia deixar de ser, essa dinâmica tende a estimular uma maior fixação da produção de açúcar pelas usinas do cinturão canavieiro

No entanto, sob a ótica do etanol, precisamos considerar as expectativas de que os estoques iniciais de
2021/22 sejam mais baixos no comparativo anual, bem como a projeção de recuperação da demanda por combustíveis de ciclo Otto no próximo ciclo, fatores que tendem a aumentar a atratividade do biocombustível. Diante do cenário apresentado, a StoneX projeta que o mix açucareiro fique em 44,5% na próxima safra, proporção que se posiciona 2,4 p.p. abaixo do que é esperado para 2020/21, mas 0,9 p.p. acima da média de 10 anos.

É fundamental ponderar que essa dinâmica estará intimamente atrelada ao desempenho da economia
em meio à pandemia do novo coronavírus, o que inevitavelmente moldará com maior precisão as perspectivas de consumo de combustíveis na safra analisada.

De modo geral, esperamos que a produção de açúcar no cinturão canavieiro do Brasil totalize 34,6 milhões de toneladas em 2021/22. Comparativamente, esse valor é 8,7% inferior ao projetado para 2020/21, que, conforme analisado na próxima seção, deverá ser o maior patamar histórico para a região. Ainda assim, o volume estimado para o próximo ciclo superará a média de longo prazo em 6,2%. A destilação de etanol de cana, por sua vez, deve apresentar crescimento de 0,6% em relação à safra de 2020/21, totalizando 26,7 milhões de m³. Em meio à dinâmica de estoques inicias para a temporada e às perspectivas de crescimento do ciclo Otto, conforme apresentado anteriormente, esperamos que 18,4 milhões de m³ de hidratado sejam produzidos (praticamente estável no comparativo anual) e cerca de 8,2 milhões de m³ de anidro sejam obtidos pelas usinas do Centro-Sul (+2,1%).

O etanol de milho deve continuar crescendo em termos de produção, porém a taxas mais brandas em
relação aos anos anteriores. De fato, a capacidade produtiva deve continuar se expandindo, mas o pleno potencial industrial não deve ser utilizado durante toda a safra. Ademais, algumas usinas têm apresentado dificuldades em adquirir o cereal de forma antecipada de produtores do Centro-Oeste, o que pode acabar pesando sobre as margens de produção do biocombustível no médio e longo prazo.

De forma geral, nós da StoneX estimamos que a fabricação de etanol de milho totalize aproximadamente 3,1 milhões de m³, representando uma alta anual de 19,6%. Especificamente, projetamos que cerca de 2,0 milhões de m³ de hidratado (+18,6% no comparativo safra-a-safra) e cerca de 1,0 milhão de m³ de anidro (+21,5%) sejam obtidos pelas unidades produtoras do Centro-Sul.

Por fim, considerando ambas as matérias-primas citadas, a produção total do biocombustível no cinturão canavieiro deve se posicionar em 29,7 milhões de m³, volume que representa um avanço anual de 2,3%. Deste total, calcula-se que 20,5 milhões de m³ serão de hidratado (+1,6%) e 9,3 milhões de m³ serão de anidro (+3,9%).

*Informações da consultoria StoneX.

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