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Área de cevada terá aumento de 20% no RS

Na safra passada foram cultivados 110 mil hectares


Brasil ocupa a 16ª posição entre os produtores mundiais do cereal, com média de 300 mil toneladas/ano, mas sobe para o 7º lugar no quesito importações, com a produção nacional suprindo apenas 35% da demanda das maltarias

O plantio da cevada na região Norte do Estado se concentra no mês de junho. A expectativa é de que a área cultivada seja ampliada em 10% no país, comparando com a safra passada, quando a cultura ocupou 110 mil hectares. No Estado, o aumento deve ser de 20%, chegando a 60 mil hectares.


O pesquisador da Embrapa Trigo, Euclydes Minella, salienta que entre os fatores que estão motivando os produtores a ampliar a área está o fomento realizado pelas empresas, incluindo a Ambev, instalada em Passo Fundo. Além disso, o valor é contratado antes do plantio. Desta forma, os agricultores sabem quanto vão receber e assim, tem condições de fazer os cálculos e ver o quanto poderão investir nas lavouras.

A safra passada teve problemas na qualidade do malte cervejeiro, já que o clima prejudicou, com a geada tardia em setembro e excesso de chuva no período de colheita fazendo com que a cultura germinasse na lavoura. Dessa forma, o pesquisador diz que 67% da produção não atingiu o padrão malte cervejeiro, sendo negociado a valores abaixo dos contratados. “O principal fator de risco é perder por germinação”, destaca o agrônomo.

Ele acrescenta que “a cevada tem dado bom resultado no campo sob o ponto de vista de rentabilidade e hoje a cevada nacional é mais competitiva em questão de qualidade. São fatores que favorecem que as indústrias querem produzir mais cevada no país, e há ganho de rendimento e rentabilidade - uma alternativa atrativa em relação as demais cultivos de inverno. O que o produtor recebe é feito sob contrato e assim tem maior segurança no momento de investir na lavoura”, explica.

Conforme o pesquisador, não há como prever as condições climáticas para a safra de inverno, já que a região é imprevisível neste aspecto. Porém, ele destaca que de quatro safras, uma tem prejuízos severos. Por conta disso, ele salienta que apesar de ser atrativa, a atividade deve ser feita por produtores com orientações sobre a cultura. “O agricultor deve se informar bem sobre o que é a cultura, mas principalmente, ela exige terra boa, solo corrigido, sem acidez, pois não tolera como o trigo e a triticale”, observa.

Novas cultivares

Em abril, a cadeia produtiva da cevada esteve reunida na Embrapa Trigo, quando foi realizada a XXIX Reunião Nacional de Pesquisa de Cevada. Na ocasião, além da avaliação das safras 2011 e 2012 no Brasil, no Uruguai e na Argentina, o evento também discutiu resultados de pesquisa e foram apresentar as últimas inovações tecnológicas da cultura no mundo.


Um pesquisador da Austrália palestrou, apontando que as dificuldades naquele país são opostas da região Sul do Brasil, pois lá falta água para o cultivo da cultura.

Minella aponta que durante o evento, a Embrapa Trigo anunciou duas novas cultivares para o cultivo irrigado e fez um pré registro de uma variedade para a produção adaptada ao Sul do país. Segundo ele, o diferencial desta variedade que poderá ocupar as lavouras da região, é a resistência ao oídeo.

“Ela mantém alta a produtividade e qualidade, fazendo as plantas resistirem ao oídeo, que hoje é a principal doença que prejudica a cultura, atingindo em 60% os danos”, diz. Segundo ele, a vantagem com a variedade resistente ao oídeo está no custo de produção para o agricultor. “Hoje o produtor chega a fazer até quatro aplicações para controle do oídeo e, com esta nova variedade, não será preciso tanto gasto. O avanço tecnológico dessa cultivar vai ter impacto na redução do custo de aplicação”, explica.

Cevada no mundo

O comércio internacional de cevada é de, aproximadamente, 16 milhões de toneladas. O Brasil ocupa a 16ª posição entre os produtores mundiais do cereal, com média de 300 mil toneladas/ano, mas sobe para o 7º lugar no quesito importações, com a produção nacional suprindo apenas 35% da demanda das maltarias. Na projeção de cenários do relatório Outlook Brasil/Fiesp, a demanda doméstica de cevada deverá crescer 53% até 2022.

“Projetamos um aumento de 10% da área de cevada neste ano no Brasil, mas indiferente do malte, o consumo de cevada deverá aumentar a cada ano, principalmente no consumo animal de silagem e ração. A alta no preço do milho e da soja na última safra garantiu a liquidez da cevada cujos grãos não atingiram o padrão de qualidade para malte. É mercado certo sempre”, avalia o pesquisador Euclydes Minella.

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