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Área de plantio de soja terá queda em Uberaba (MG)


As previsões feitas durante o período que antecedeu o plantio da safra 2004/05 de que haveria redução na área dedicada à cultura não se confirmaram. De acordo com previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as lavouras passarão a ocupar pouco mais de 22,3 milhões de hectares, contra 21,2 milhões cultivados na última safra.

Na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, apesar de o quadro ser semelhante ao cenário nacional, há uma peculiaridade. Uberaba, maior produtor de soja de Minas Gerais, com quase 30% da área cultivada no estado, sofrerá uma redução significativa nas lavouras. A diminuição, segundo o coordenador regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), Willy Gustavo de la Piedra, será de 10% – passando de 99,2 mil hectares para 90 mil. A redução se justifica, entre outros fatores, pela incidência da ferrugem asiática e pela queda no valor da soja, sobretudo em função da superprodução mundial registrada na safra 2003/04, com destaque para os Estados Unidos. Em meados do ano passado, a saca chegou a ser cotada a R$ 51; caiu para R$ 27,5 e hoje sofreu uma ligeira alta, passando a R$ 31.

Em contrapartida à redução na área dedicada à soja em Uberaba, outros municípios da região mais que dobraram as lavouras. Casos, por exemplo, de Veríssimo e São Francisco de Sales, que passaram de cinco mil e três mil hectares, respectivamente, para 15 mil cada.

Ferrugem asiática:

Na safra passada, a ferrugem asiática atingiu a maioria dos municípios mineiros e provocou perdas de até 100% em algumas lavouras, onde não houve uma resposta rápida à ação do fungo. Para este ano, a previsão é que os produtores tenham novamente problemas com a doença, o que, segundo o gerente da Emater, é perfeitamente remediável.

Segundo ele, as perdas de produtividade na última safra só aconteceram pela falta de acompanhamento dos sojicultores, uma vez que os insumos e defensivos disponíveis no mercado são totalmente eficazes no combate à praga. A necessidade é que haja um monitoramento eficiente sobre a evolução da ferrugem nas lavouras. "Apesar de poder acabar com a lavoura, ela pode ser controlada, depende muito da atuação do produtor, do combate correto logo no primeiro sinal de incidência da doença", destacou Willy Gustavo.

O pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Roberto Zito, disse que já existem focos em lavouras da região, sobretudo em Uberaba, mas a tendência é que se espalhe por toda a região. Neste sentido, o monitoramento da plantação, ressalta o pesquisador, é essencial porque não há um momento específico durante o desenvolvimento da planta de ocorrência da doença. Ela pode aparecer a qualquer momento e o produtor deve estar preparado para fazer o combate.

Safra 2004/05 do País:

Para a safra 2004/05, a expectativa é que o País colha 61,4 milhões de toneladas do grão, cerca de 20% do resultado apurado na última safra, que foi de 49,8 milhões. A área cultivada também sofrerá uma leve alteração, passando de 21,2 mil hectares para 22,3 milhões. A previsão otimista não se reduz apenas à maior conscientização do produtor quanto à necessidade de ficar atento ao desenvolvimento da doença, e também de aplicar de forma correta os defensivos, mas segundo Roberto Zito, ao fazer o combate à ferrugem asiática, o sojicultor, indiretamente, faz o controle de doenças chamadas de final de ciclo, o que se traduz em ganho de produtividade.

Na safra passada, de acordo com levantamento do Consórcio Anti-ferrugem, foram registrados focos da doença em 10 estados brasileiros, totalizando 102 municípios atingidos. O Paraná foi o mais atingido, com 50 deles. Em Minas Gerais, os focos apareceram em Uberaba e Patrocínio. Os demais estados atingidos pela doença foram: Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Maranhão, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Distrito Federal e Santa Catarina.

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