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Área plantada deve ser mantida

Provável queda no volume produzido se deve à menor produtividade


Nas últimas semanas, a indústria de fertilizantes sentiu nas vendas a freada na liberação do crédito dos bancos para o plantio da safra de verão. Neste mês, as entregas de adubo estão 25% abaixo das realizadas em outubro de 2007, afirma o diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Eduardo Daher. De janeiro a setembro, os volumes tinham crescido 4% na comparação anual.

Ele ressalta que o quadro só não é pior porque houve uma certa antecipação de compras no primeiro semestre. Esse movimento ocorreu especialmente com os agricultores do Sul do País, que estão mais capitalizados em relação a outras regiões produtoras, como o Centro-Oeste. Muitos agricultores decidiram antecipar as compras para se resguardar de novas altas de preço do fertilizante.

O impacto da falta de crédito nas compras de insumos básicos também foi detectado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). "Cerca de 20% dos insumos para o plantio da safra ainda não foram adquiridos pelos agricultores para esta safra", afirma presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da entidade, José Mario Schreiner.

MINHOCA

O risco de queda na produção da próxima safra de grãos deve refletir o menor uso de insumos que asseguram a produtividade das lavouras, já que, apesar das restrições de crédito, a intenção do produtor é manter a área plantada de 2007.

"Agricultor é como minhoca: se tirar da terra morre. Ele tem de plantar", diz Claudio Francisco Bianchi Rizzatto, vice-presidente da Coamo, cooperativa agroindustrial de Campo Mourão, no Paraná, a maior da América Latina. A expectativa da Coamo para soja e milho é repetir nesta safra a área plantada do ano passado, que foi de 1,4 milhão de hectares e de 250 mil hectares, respectivamente. Além do Paraná, a cooperativa reúne produtores de Mato Grosso do Sul e de Santa Catarina.

Em Mato Grosso, a área plantada com soja também ficará estagnada em 5,6 milhões de hectares nesta safra, mas a produção deve recuar 3% por causa do menor uso de tecnologia, segundo levantamento da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) do Estado.

A história se repete em Goiás, mais especificamente na região de Rio Verde, outro importante pólo produtor de soja. De acordo com o presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), Antonio Chavaglia, a expectativa inicial é semear 1 milhão de hectares com o grão, a mesma área de 2007.

É consenso entre produtores que a safra 2008/2009 é de "alto risco". "Estamos plantando no escuro", diz Chavaglia. Os agricultores estão esperando a chuva, o crédito, de olho na queda das commodities e sem noção onde o câmbio vai parar.

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