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Áreas da Boi Gordo podem virar plantações de soja no Mato Grosso


O caso Fazendas Reunidas Boi Gordo (FRBG) pode dar uma reviravolta até o final do ano. Foi anunciado ontem (23-11) que dois grandes grupos voltados para a produção rural adquiriram as empresas controladoras o que, na prática, lhes transfere o patrimônio e os débitos do grupo — em concordata desde 2001. A Cobrazem e a Forte Colonizadora, do empresário Júlio Golin, ambas com sede no Paraná (PR), vão transformar os cerca de 200 mil hectares pertencentes à Boi Gordo em lavoura de soja. Aposta-se na alta do grão e que, com isso, os débitos sejam saldados, parceladamente, em algumas safras.

Uma das associações que congrega parte dos mais de 30 mil investidores da agropecuária, já se manifestou a respeito do anúncio da Boi Gordo. Segundo a Associação dos Parceiros e Investidores da Boi Gordo (Aspiboi), a entidade "está checando as informações, a legalidade da transação e visitando os lugares necessários".

Para a assessoria da agropecuária "a fórmula encerra meses de negociações e auditorias em que o ex-controlador, Paulo Roberto de Andrade, buscou alternativas para dar solução para o caso e concluir que o uso da área para o plantio de soja é a escolha mais segura".

Segundo o advogado Marcelo Hernandez Fernandez, a associação com os dois grupos foi necessária por conta dos altos custos do empreendimento. “Para cada 30 mil hectares de plantio, são necessários quase R$ 90 milhões”, explica. No último dia 6, os acionistas realizaram uma Assembléia Geral Extraordinária para a nomeação de uma nova diretoria e de um novo conselho de administração e definição de diretrizes.

NOVELA - A empresa Fazendas Reunidas Boi Gordo pediu concordata preventiva em 15 de outubro de 2001 à Vara da Comarca de Comodoro, em Mato Grosso, a 677 quilômetros da Capital, Cuiabá.

Mesmo após dois anos do protocolo em concordata preventiva, o processo só teve anunciada sua Vara de competência para o processamento na segunda quinzena de outubro. A 1ª Vara Cível do Fórum Central de São Paulo será responsável pela retomada do processo.

Entre o protocolo e a retomada do processo, a concordatária deixou de realizar dois pagamentos de créditos aos seus investidores. Segundo o protocolo firmado pela agropecuária em outubro de 2001, no momento em que requereu o pedido de concordata, havia o comprometimento de repassar 40% do total investido aos credores após um ano de concordata e o restante, 60%, após dois anos. O valor a ser repassado aos credores deve-se apenas ao total declarado pela FRBG no momento do pedido de protocolo de concordata preventiva, cerca de R$ 750 milhões. Mas, com a valorização da arroba do boi nos últimos 24 meses, a dívida, segundo investidores, foi incrementada em 50% e atualmente está estimada em R$ 2 bilhões.

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