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Áreas irrigadas de café devem aumentar a safra de Pernambuco em 50%


Pernambuco projeta crescimento de 50% na safra de café deste ano, que tem início em junho e se estende até o final de agosto. A expectativa é que a colheita salte de 80 mil para 120 mil sacos do grão, motivada pela expansão dos plantios irrigados, que se espalharam pelo estado ao longo dos últimos quatro anos.

Os cafeicultores pernambucanos também começam a trilhar um caminho de volta ao mercado internacional. Nos anos 80, o Estado liderava as vendas externas de café no Nordeste, mas perdeu espaço nas duas últimas décadas.

"A exportação é uma excelente alternativa para melhorar a rentabilidade dos cafeicultores, já que o mercado interno está muito oscilante pelo excesso de oferta", observa o coordenador da Câmara Setorial, Daniel Ramos.

No ano passado, dez produtores de Taquaritinga do Norte (160 km do Recife) criaram um consórcio para exportar café gourmet para os Estados Unidos. Apesar do pequeno volume de 13 toneladas (US$ 10,8 mil), a iniciativa foi o passo inicial para recolocar o café pernambucano na rota do comércio internacional.

Mercados europeu e japonês

O presidente da Associação dos Cafeicultores de Taquaritinga, David Peebles, diz que ainda é cedo para fazer projeções porque o volume exportado vai depender do resultado da safra. "Mas pretendemos pelo menos repetir o desempenho do ano passado". Ele adianta que além dos Estados Unidos estão em prospecção os mercados europeu e japonês. "Os cafeicultores devem apostar em produtos diferenciados", sugere o americano, que vive há 37 anos no Brasil.

Depois do consórcio de Taquaritinga, dois produtores de Brejão e Canhotinho (Agreste pernambucano) investem cerca de R$ 120 mil em equipamentos para pós-colheita e beneficiamento, de olho no mercado norte-americano. A idéia dos dois produtores é agregar a produção de pelo menos 200 pequenos cafeicultores da região para exportar. A estimativa é que só de produção própria o volume chegue a 3 mil sacas, gerando faturamento de US$ 600 mil.

"O café tipo arábica será exportado em grão, mas seguindo um padrão internacional", explica Daniel Ramos, da Câmara Setorial. A expectativa é que a saca (50 kg) seja comercializada ao preço de US$ 200. "É bem superior à remuneração de R$ 170 recebida no mercado doméstico", compara Ramos, que também defende a aposta nos cafés especiais como alternativa para melhorar a rentabilidade dos cafeicultores.

"Não adianta insistir na expansão de novas áreas se o cafeicultor não tiver como manter suas margens de lucro, porque os preços no mercado interno estão ruins. No início do ano, a saca estava cotada a R$ 200, depois caiu para R$ 140 e, logo em seguida, foi para R$ 150", reclama Ramos. Ele também defende a substituição do plantio de sequeiro pelo irrigado.

Hoje, o cultivo irrigado responde por 40% da área cultivada no estado, mas vai responder por 70% da produção, em função do maior índice de produtividade. Para se ter uma idéia, enquanto o café irrigado atinge 60 sacas por hectare, a média do de sequeiro não ultrapassa 20 t/ha. O custo para implantação de um hectare de café irrigado chega a US$ 3 mil, incluindo sistema de irrigação, fertilizantes e mudas.

Levantamento da Secretaria de Produção Rural e Reforma Agrária de Pernambuco (SPRRA) aponta para a existência de mil cafeicultores no estado, responsáveis por uma produção anual de 80 mil sacas. O volume atende a apenas 23% da demanda pernambucana, que é de 350 mil sacas/ano. A área plantada é de 80 mil hectares, distribuída entre a Mata Norte (500 ha) e 40 municípios do Agreste (7,5 mil ha). Dentre as principais cidades produtoras destacam-se Taquaritinga do Norte, Garanhuns, Bom Conselho, Belo Jardim, Brejão e Triunfo.

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