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Argentina suspende exportações de trigo e de farinha

Objetivo é de assegurar a oferta local do cereal


A Argentina suspendeu temporariamente as exportações de trigo e de farinha de trigo com o objetivo de assegurar a oferta local do cereal, informou o governo do país nesta quinta-feira (08-03).

A Argentina é um dos cinco maiores exportadores mundiais, e o Brasil é o seu maior cliente. Os moinhos brasileiros compram na Argentina cerca de 70 por cento do trigo que processa.

O governo argentino havia tomado medida similar em novembro, quando suspendeu por tempo indeterminado a concessão de licenças para exportação de milho, também buscando preservar a oferta doméstica.

"Em um esforço para preservar a oferta local, informamos ao setor exportador que a partir de 8 de março de 2007 os registros de exportação estarão temporariamente fechados para trigo e farinha de trigo", informou a Secretaria de Agricultura em comunicado.

O governo argentino tem adotado medidas para tentar segurar o aumento de preços. Além do milho, também adotou restrições à carne bovina recentemente. A inflação ao consumidor no país ficou em 9,8 por cento em 2006, depois de atingir 12,3 por cento em 2005.

De acordo com a lei argentina, exportadores precisam obter licenças do governo em todas as exportações de grãos. Os agricultores argentinos já terminaram a colheita da safra 2006/07 de trigo, e o governo estima a produção em 14 milhões de toneladas.

Até a terça-feira, exportadores já haviam conseguido licenças para exportar 8,76 milhões de toneladas de trigo da safra 2006/07, de acordo com dados da Secretaria de Agricultura.

Medida polêmica

Segundo analistas, a medida poderia afetar a intenção de plantio do cereal nas futuras safras, favorecendo a soja. "É um sinal de distorção, que pode fazer com que na próxima temporada as pessoas pensem muito bem no que plantar. Os agricultores vão evitar as culturas que tenham um vínculo estreito com o mercado doméstico", afirmou Ricardo Baccarin, da consultoria Panagrícola.

Por outro lado, a suspensão das exportações também seria um sinal negativo para os mercados externos. "Obviamente, a Argentina, como fornecedor ao exterior, oferece algumas dúvidas... e isso vai determinar que a falta da nossa presença seja preenchida por outros países", ressaltou Baccarin.

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimava que a Argentina exportaria 9,5 milhões de toneladas de trigo em 2006/07, volume que pode ser alterado com a nova medida do governo.

Autoridades argentinas temem que uma alta nos preços de produtos básicos afete o poder aquisitivo da população, em um país em que um terço dos habitantes vivem na pobreza e se alimentam basicamente de derivados de grãos e de carne bovina.

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