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Argentina vive novo "boom" no setor agrícola

A Argentina, em alguns anos, triplicou sua produção com novas terras cultivadas


AFP - Rei da soja argentina, presidente de uma empresa que registra faturamento de US$ 200 milhões ao ano, Gustavo Grobocopatel, 45 anos, é uma pessoa com convicção, que gosta de se proteger e proteger seu grupo, o Los Grobo, voltando-se para uma Argentina high-tech em 2010 ou 2020, onde a agricultura pode ser a principal locomotiva de uma nova sociedade do conhecimento.

Considera a Argentina, oitava produtora mundial de alimentos, com potencial fantástico para alimentar o mundo graças a um modelo agrícola muito desenvolvido, do qual seu grupo é a mais perfeita ilustração.

"A Argentina vai ser a fonte mundial das proteínas", afirmou, em entrevista à AFP. A agricultura já é a fonte principal de divisas para este país onde a soja deve garantir este ano cerca de US$ 11 bilhões, dos quais mais de 2,5 bilhões irão diretamente para os caixas do Estados, devido às "retenções" - um imposto sobre as exportações criticado pelos produtores.

Isto não impedirá a agricultura argentina de exportar este ano cerca de 55 milhões de toneladas de grãos (soja, milho e trigo), quantidade que pode chegar a 100 milhões de toneladas até 2015, segundo especialistas.

A Argentina, em alguns anos, triplicou sua produção com novas terras cultivadas, mas também amparada por novas tecnologias, como o plantio direto e os recursos aos transgênicos (Organismos geneticamente modificados - OGM).

Mas é, sobretudo, em termos de organização que a agricultura argentina se mostra a mais inovadora, segundo a Grobocopatel. Resumiu explicando que 70% das terras agrícolas estão incluídas num sistema de locação, que cerca de 80% das atividades (plantio e colheita) são terceirizadas e que é sempre possível emprestar.

Seu grupo do tipo "sucess story" é um exemplo perfeito. Esta empresa familiar cultiva hoje 105.000 hectares na Argentina, mas é proprietária de somente 15% desta superfície. Sobretudo, ela reúne em rede 1.500 PME (pequenas e médias empresas), ou seja cerca de 7.000 pessoas, para suas atividades tanto agrícolas como comerciais e também tecnológicas.

"Antes éramos 100 no campo e 10 no escritório, hoje somos dez no campo e 100 nos escritórios", descreve o presidente da Grobocopatel, citando seu pai Adolfo e apontando dezenas de comerciantes, técnicos em informática, engenheiros agrônomos ou economistas, que trabalham na sede ultramoderna do grupo, situado em pleno pampa, a cerca de 310 km de Buenos Aires.

Gustavo Grobocopatel tem confiança na evolução das matérias-primas, cujos preços não param de crescer. Afinal, mesmo se o desequilíbrio entre oferta for insuficiente e forte demanda diminuir, os preços devem se manter devido às mudanças provadas pela entrada da China e da Índia no mercado.

No entanto, ele admite que a Argentina está atrasada em termos de investimentos públicos e privados (transporte, telecomunicaçpões, infra-estrutura, etc).

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