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Armazéns lotados de grãos favorecem o Brasil


Ao segurar a produção no campo, produtores norte-americanos fazem preços subirem no mercado, favorecendo vendas futuras dos brasileiros

O armazém é algo indispensável entre os produtores americanos. O país tem capacidade para armazenar uma safra inteira de soja e milho e metade dos silos estão nas fazendas. Os agricultores mantêm estruturas isoladas e também constroem complexos de armazenamento em grupos. Assim, gastam menos com locação de terceiros e garantem ampla margem de manobra na hora de vender a produção. Nesta temporada, como a maioria decidiu adiar as vendas, essa estrutura de armazenagem favorece o Brasil, à medida que sustenta os preços da soja e do milho.


Uma enxurrada de grãos no mercado seria extremamente prejudicial ao campo, avaliam os agricultores Nancy e Jim Peellett. Como os preços baixaram, neste ano é que eles aproveitam o potencial lucrativo de três silos inaugurados há quatro safras.

“Construímos armazéns em conjunto porque, usando a mesma estrutura de recepção de grãos e administração, barateamos custos. E se não fosse esse investimento, teríamos uma despesa elevada em armazenagem neste ano”, afirma Nancy. Para manter as vendas suspensas, ainda será necessário contratar armazenagem para 20 mil do total de 80 mil bushels desta colheita, ou seja, para 25% da colheita, conta Jim.

Os produtores norte-americanos relatam estar pagando cerca de 20 cents por bushel para a estocagem de grãos até o início da colheita brasileira (o equivalente a R$ 1 por saca). Até lá, o mercado deve variar de acordo com as condições climáticas da América do Sul, que se tornará a principal fonte global de soja e milho na entressafra norte-americana.

Com armazenagem garantida, Jim e Nancy Peellett comemoram boa produtividade e passam a depender dos preços dos próximos meses para o fechamento das contas de 2013/14. Eles plantaram 330 hectares de soja e 390 hectares de milho com a ajuda dos filhos, e registram resultados 12% e 19% acima da média dos últimos dez anos num ciclo de clima irregular: 11,3 mil quilos do cereal e 3,7 mil quilos da oleaginosa por hectare de cada cultura. As lavouras passaram três semanas sem chuva entre julho e agosto, relatam.

Influência brasileira

Os produtores norte-americanos usam a estrutura de armazenagem para se defender de preços baixos, mas mostram familiaridade com o mercado e o potencial da produção brasileira. Pautam as vendas considerando a oferta sul-americana. Por esse motivo que Bill Reah, de Arlington (Nebraska) está com praticamente toda a soja vendida.

“Eu nunca vendo toda a soja, porque seria arriscado não colher, mas estou com 85% da produção com preço definido. O preço está melhor que o do milho e, em janeiro, passaremos a competir com a safra do Brasil”, avalia. Para ele, a probabilidade de os preços caírem em janeiro é maior para a soja do que para o milho, menos exportado pela agricultura brasileira. Da colheita do cereal, vendeu 50%.


Além da postura estratégica diante do mercado globalizado, Reah aposta na diversificação. A maior parte de sua área de cultivo (em terrenos que somam 4,3 mil hectares), na verdade, é dedicada à produção de alfafa para alimentação animal. A gramínea tem 6 mil acres (2,4 mil hectares), e a soja e o milho ficam com outros 5 mil. Além disso, mantém plantel de 6 mil cabeças de gado mestiças e das raças charolês e angus, para as quais não falta comida.

Base de comparação eleva os ânimos

A safra atual não é das melhores, mas anima os produtores na comparação com 2012/13, quando a quebra passou de 100 milhões de toneladas sobre o potencial esperado e de 40 milhões de toneladas ante 2011/12. Quem foi pouco afetado no ano passado está registrando resultados parecidos e quem teve perdas elevadas comemora avanço.

A região de Atlantic, oeste de Iowa, as marcas estão ficando bem acima das de um ano atrás. Os produtores Brooke e Todd Tanner, pai e filho, registram colheita de soja em até 3,7 mil quilos por hectare e a de milho em até 11,9 mil kg/ha. Isso significa 35% e 50% a mais, respectivamente, na comparação com os resultados após a seca sem precedentes em cinco décadas. Por outro lado, eles já alcançaram resultados bem acima dos atuais, que provam que a soja poderia render 20% e o milho 6% a mais.

E a armazenagem da maior parte da produção (40% do milho e 30% da soja foram vendidos) é considerada uma poupança. “Nossos armazéns vão ficar lotados. Ainda acreditamos que o milho pode voltar US$ 5,3 por bushel, preço que conseguimos em alguns contratos, e a que a soja deve sustentar US$ 13 por bushel”, diz Todd.

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