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ARROZ: competitividade do arroz gaúcho é muito maior neste ano


Durante as últimas semanas o mercado interno permaneceu com baixas oscilações negativas, basicamente refletindo as colheitas em importantes regiões como Mato Grosso e Santa Catarina. Mas a partir deste mês de março é que o mercado realmente refletirá o impacto da safra brasileira sobre as cotações.

A colheita no Rio Grande do Sul representa cerca de 50% da safra nacional e nos próximos meses haverá uma intensa disputa entre produtores e indústrias para o direcionamento de um preço no mercado gaúcho compatível com as expectativas de ambas as partes.

Com um custo de produção significativamente mais alto, o setor produtivo gaúcho procura se organizar evitando a não comercialização do arroz em casca neste ano em níveis inferiores a R$ 25,0/50 kg. Mas já neste final de semana e com um índice de colheita ainda inferior a 10% no Estado, os indicadores de preços em algumas regiões produtoras do Estado já atingem R$ 24,00/50 kg.

É certo que o nível mínimo de remuneração pretendido pelos produtores não está nos planos de comercialização do setor industrial e muito menos do varejo. Nos supermercados, os preços do arroz beneficiado recuaram pouco mais de 9% desde o início do ano. A pressão do setor varejista para um recuo mais significativo nos preços do produto deve ser mais forte nas próximas semanas.

Do lado das indústrias, já há algumas informações indicando pretensões de compra ao redor de R$ 22,0/50 kg no Rio Grande do Sul, claramente refletindo a paridade com o produto importado. Percebe-se neste ano, que mesmo havendo um diferencial normal das intenções de valores entre produtores e indústrias, a margem de queda para os preços do arroz em casca será muito pequena neste ano. Nos últimos 04 anos, o índice de queda nos preços do arroz em casca entre fevereiro e março ficou em média a 12%. Neste ano, por enquanto, a variação vem repetindo o mesmo índice registrado na safra passada, que foi de 7% de queda.

A "briga" promete ser boa. Além da melhor capitalização, os produtores gaúchos têm neste ano certamente maiores vantagens do que no ano passado. Os preços terão maior sustentação durante o período de colheita em virtude do dólar sobrevalorizado no Brasil, pela demanda superior ao potencial de oferta no País e estoques nos mais baixos níveis dos últimos anos.

Além disso, com o dólar reajustado em mais de 40% neste ano, o setor produtivo deve enfrentar custos ainda mais altos para o plantio da próxima safra 2003/04. Assim, é imprescindível que a remuneração já neste ano seja compatível com as projeções de investimento para o próximo plantio.

Já as indústrias têm ao seu lado o intenso período de colheita nas próximas semanas e as expectativas de que o dólar possa recuar como conseqüência de um ainda improvável adiamento da guerra entre EUA e Iraque e com os melhores indicadores macroeconômicos no Brasil.

A queda do dólar é um fator de pressão importante neste momento, pois possibilita o aumento gradual na competitividade do produto internacional sobre o mercado interno. Há uma relação direta entre queda do dólar e as importações. Isto pode ser facilmente verificado no quadro acima, o qual mostra que o período de maior importação no ano passado aconteceu justamente no momento da colheita nacional, quando o dólar estava ainda abaixo de R$ 2,70.

Mas no momento, as compras externas estão muito prejudicadas pelo aumento dos preços na Argentina, de onde se origina o maior volume de arroz em casca importado no Brasil. As indicações para o produto argentino estão em torno de US$ 135 a 140/ton FOB fronteira, cerca de 27% superiores ao mesmo período do ano passado. Com a alta brusca do dólar nos últimos meses, a competitividade do arroz nas regiões produtoras gaúchas aumentou muito, atualmente registrado em torno de US$ 146/ton, 40% abaixo do mês de março do ano passado.

Este panorama de competitividade do produto nacional é a grande razão para a pouca possibilidade de quedas significativas no mercado do arroz em casca no Rio Grande do Sul, especialmente neste ano quando os produtores estão dispostos a reter um pouco mais seu produto, a espera de melhores preços.

deve-se reiterar, que a tendência de queda no dólar ocorrida nos últimos dias, aumenta o poder de pressão por parte das indústrias e varejo e conseqüentemente as chances de que os preços neste período de colheita se distanciem um pouco mais do valor pretendido atualmente pelo setor produtivo.

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