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Arroz: em direção a preços mundiais mais baixos?

Há incertezas a respeito da Tailândia manter sua política de preços altos


Tendências do mercado
 
Em maio, os preços mundiais se mantiveram firmes, mas com tendência a baixar no final do mês. O mercado se encontra globalmente equilibrado entre preços altos na Tailândia, uma oferta de exportação abundante e uma demanda mundial relativamente escassa. Os importadores se mostram prudentes e antecipam preços inferiores nos próximos meses como consequencia das reservas abundantes dos principais exportadores mundiais. Há
incertezas a respeito da capacidade da Tailândia manter sua política de preços altos, a qual começa a custar caro para o Estado, e se desfazer da montanha de arroz acumulado desde outubro de 2011, quando o governo começou a comprar arroz sob o novo mecanismo de preços internos.

Em maio, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) subiu 6,4 pontos para 249,4 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 243,0 pontos em abril. No início de junho, o índice IPO se mantinha em torno de 250 pontos.
 
Produção e comércio mundiais
 
Segundo a FAO, a produção mundial em 2011 alcançou 720 milhões de toneladas (480Mt base arroz beneficiado) contra 702Mt de arroz em casca em 2010, um aumento de 2,6%. As primeiras projeções para a safra 2012/13 indicam um novo aumento de 2,2% a 735Mt. As colheitas cresceram graças às boas condições climáticas e a uma extensão das áreas de cultivo. Estas alcançaram 163Mha. Este aumento se concentra nos principais países
produtores asiáticos, especialmente China, Índia e Indonésia, os quais totalizam quase dois terços da produção mundial.
 
Em 2011, o comércio mundial deu um salto de 11,8%, chegando a um volume recorde de 35,2Mt contra 31,5Mt em 2010. Em 2012, o comercio pode cair 2,3% para 34,4Mt, devido a uma redução da demanda de importação asiática. As disponibilidades exportáveis dos principais exportadores continuam, por sua parte, sendo
amplamente suficientes para atender a demanda mundial.
 
Mercado de exportação
 
Na Tailândia, os preços subiram 7%, influenciados pelo novo esquema de preços internos e pelas perspectivas de reativação das exportações no âmbito dos contratos de governo a governo. Há, ainda assim, dúvidas sobre a capacidade de o gobierno tailandês finalizar este tipo de contrato em função dos preços pouco competitivos. No final de maio, os preços começavam a cair sob a pressão da diferença em relação a seus principais competidores. A Tailândia espera manter sua liderança no comércio mundial ainda este ano, mas o ritmo das exportações, de
0,6Mt por mês, parece ser insuficiente para alcançar este objetivo. Em maio, o Tai 100%B foi cotado a US$ 610/t Fob contra $ 591 em abril. O Tai Parbolizado subiu para $ 616/t contra $ 600/t anteriormente. O quebrado A1 Super foi cotado a $ 551/t contra $ 531/t em abril. No início de junho, os preços tailandeses tendiam a cair.

No Vietnã, os preços se mantinham relativamente estáveis, tendendo não obstante a baixar a partir da segunda quinzena do mês. O diferencial de preços com a Tailândia continua se ampliando. Este se aproxima de 30% contra 20% no mês passado. O mercado externo vietnamita se encontra bastante ativo e as previsões para 2012 indicam um volume de exportação que pode ultrapassar as 7Mt. Em maio, o Viet 5% registrou $ 430/t contra $ 437 em abril. Por sua vez, o Viet 25% subiu novamente para $ 388/t contra $ 382 em abril.

No Paquistão, os preços continuam baixando dentro de um mercado de exportação relativamente abundante. As vendas cresceram, especialmente com destino ao Oriente Médio, onde a demanda de importação se mantém forte. Em 2012, as exportações paquistanesas podem chegar a 3,5Mt. Em maio, o Pak 25% foi cotado a $ 405/t contra $ 410/t em abril.
 
Na Índia, as disponibilidades exportáveis são abundantes graças a uma produção recorde. Os preços indianos continuam regulando os preços mundiais por serem os mais baixos do mercado. As previsões de vendas para 2012 são ainda incertas já que tomam por base os grandes estoques acumulados durante os últimos quatro anos. A temporada de chuvas que começa no início de junho deve afinar as previsões de exportação para os próximos meses. Em maio, o arroz indiano 25% foi cotado a $ 369/t contra $380/t em abril.

Nos Estados Unidos, os preços subiram novamente, mas se mantêm ainda competitivos frente aos preços tailandeses e aos do Mercosul. O plantio da nova safra, quase terminado, está em boas condições. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros para julho 2012 baixaram 10% em relação ao mês anterior. Em maio, o preço
indicativo do arroz Long Grain 2/4 foi de $ 534/t contra $ 507 em abril.
 
No Mercosul, os preços de exportação aumentaram 6% em um mês. As estimativas de queda da produção estão se confirmando. O mercado de exportação segue ativo, com bons estoques, especialmente para a África e o Oriente Médio. No Brasil, as exportações continuam em bom ritmo e podem atingir cerca de 700.000 t em 2012, contra 1,3 milhões de toneladas em 2011.
 
Na África subsahariana, as colheitas em 2012 podem ser melhores que o previsto, especialmente na África Ocidental. Em Madagascar, porém, a produção deve cair em função das más condições climáticas que vêm afetando o país desde o início do ano. A demanda africana deve, de qualquer forma, se manter alta, entre 9,5 e 10Mt, quase um terço das importações mundiais. Os estoques mundiais de arroz no final de 2011 alcançaram 141Mt contra 134,4Mt em 2010. Em 2012, as projeções mundiais indicam um novo incremento significativo de 8,3% para chegar a um nivel recorde de 152,7Mt. Estas reservas representam 32% das necessidades mundiais.
 
*Pesquisador do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD, www.cirad.fr) da França.

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