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Arroz: Nova queda dos preços mundiais

Nos próximos meses, os preços mundiais podem registrar mais volatilidade


Tendências do Mercado

Em julho, os preços mundiais se enfraqueceram na maioria dos mercados asiáticos, ainda que nos Estados Unidos e no Mercosul os preços se mantenham firmes. O declínio dos preços asiáticos foi perceptível, sobretudo na Tailândia, onde a oferta de exportação segue abundante. Na Índia também os preços baixaram apesar da incerteza que há sobre a produção 2012. Consequentemente, as perspectivas de produção mundial 2012/2013 foram diminuídas para refletir as condições climáticas em certas regiões arrozeiras, especialmente na Índia. Nos
próximos meses, os preços mundiais podem registrar mais volatilidade, oscilando entre tendências baixistas devido aos fortes excedentes tailandeses e uma tensão altista devido à incerteza acerca da continuidade das exportações da Índia. Em julho, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu 3,8 pontos para 245,4 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 249,2 pontos em junho. No início de agosto, o índice IPO se mantinha a 245 pontos.
 




Produção e Comercio Mundiais

Segundo a FAO, a produção mundial em 2011 aumentou 2,9% alcançando 723 milhões de toneladas (483,3Mt na base arroz branco) contra 702Mt de arroz em casca em 2010. Em 2012, as últimas estimativas indicam colheitas estáveis a 725Mt (483,1Mt base arroz branco). A produção deve aumentar na China, Indonésia e Tailândia, ainda que baixe na Índia e na Coréia do Sul. Na África, a produção pode subir 3% em função de melhores condições
climáticas nas regiões ocidentais. Por outro lado, na América Latina e especialmente no Cone Sul, a produção pode cair entre 12% e 13%.

Em 2011, o comércio mundial deu um salto de 12%, alcançando um volume recorde de 35,2Mt contra 31,4Mt em 2010. Em 2012, o comércio deve cair 2,8% para 34,2Mt devido a uma redução da demanda de importação asiática. Os estoques mundiais de arroz no final de 2011 alcançaram 141Mt contra 134,4Mt em 2010. Em 2012, as projeções mundiais foram aumentadas para alcançar um nível recorde de 156Mt, alta de 10,5%. As perspectivas para 2013 indicam um novo incremento para 164,5Mt. Estas reservas representam quase 35% das necessidades mundiais.

Mercado de Exportação

Na Tailândia, os preços se retraíram em julho entre 3% e 4%. As reservas exportáveis são abundantes e as vendas externas continuam sendo relativamente escassas devido a preços pouco competitivos. As exportações registram um atraso de 45% em relação a 2011. As autoridades tailandesas anunciaram que venderiam arroz sem indicar um preço de referência, o que representaria uma mudança em sua política de vendas a preços mínimos. A situação da Tailândia parece insustentável entre sua política de revalorização dos preços internos, grandes estoques públicos, retração das exportações, perda de mercados externos e ingressos fiscais. Em julho, o Tai 100%B foi cotado a $ 586/t Fob contra $ 606 em junho. O Tai Parbolizado também baixou a $ 574/t contra $ 605/t anteriormente. O quebrado A1 Super, por sua vez, caiu para $ 515/t contra $ 539/t em junho. No início de agosto, os preços tailandeses tendiam a declinar novamente.

No Vietnã, os preços se mantiveram relativamente estáveis. Graças a preços competitivos, as vendas externas têm sido significativamente ativas durante os últimos três meses, acumulando +10% em comparação ao ano passado na mesma época. Durante os primeiros sete meses do ano, estas alcançaram 4,2Mt contra 3,8Mt em 2011. O governo vietnamita espera implementar uma política de armazenamento durante os períodos de colheita (fevereiro-março e julho-setembro) para sustentar os preços ao produtor. Em julho, o Viet 5% registrou $ 411/t contra $ 413 em junho. O Viet 25% foi cotado a $ 374/t contra $ 371 em junho.

No Paquistão, os preços permaneceram relativamente estáveis também. Falta dinamismo para as exportações, que registram atraso de 10% em relação ao ano passado. Para reativar as vendas exteriores, os exportadores pedem às autoridades que os trâmites de exportação sejam simplificados. Em 2012, as exportações paquistanesas poderiam aumentar 10% para 3,5Mt contra 3,1Mt anteriormente. Em julho, o Pak 25% foi cotado a $ 414/t contra $
410/t em junho.

Na Índia, os preços baixaram 2%. Com o retorno ao mercado de exportação de arroz não aromático, graças a abundantes reservas e preços competitivos, se esperava uma avalanche de arroz indiano nos mercados internacionais. Agora, a incerteza sobre a colheita 2012, devido a um regime de chuvas menos favorável, gera
dúvidas sobre a capacidade de oferta da Índia nos próximos meses. Não obstante, no início de agosto as chuvas pareciam voltar a normalidade. Para a safra 2012/2013, as projeções indicam uma redução das exportações para 6,5Mt contra 8Mt previstas em 2011/2012. Em julho, o arroz indiano 25% foi cotado a $ 380/t contra $ 384/t em junho. No início de agosto, os preços se encontravam mais firmes.

Nos Estados Unidos, os preços permaneceram relativamente firmes. As principais regiões agrícolas do país seguem sofrendo de seca e uma onda de calor severa. O nível de exportação acusa um atraso em relação ao ano passado e as projeções para a temporada 2012/2013 indicam uma diminuição das exportações estadounidenses para 3,1Mt contra 3,4Mt anteriormente. Em julho, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 marcou $ 559/t contra $ 553 em junho. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros também tiveram alta de 10% em comparação ao mês anterior.

No Mercosul, os preços de exportação continuam altos dentro de um mercado externo bastante ativo, em particular para África Ocidental e Oriente Médio. No Brasil, os preços internos foram revalorizados novamente em função de uma redução da produção arrozeira em 2012. Este declínio deve afetar também o resto dos países do bloco.

Na África subsahariana, apesar do incremento da produção de arroz, especialmente nas regiões costeiras da África Ocidental, as importações devem continuar aumentando e alcançar umas 10Mt. A difícil situação política em Mali, com um conflito armado, limita o bom desenvolvimento da safra agrícola. Em Madagáscar a produção arrozeira pode cair 7%, por causa das intempéries que o país atravessa desde o início do ano.
 
*O informativo mensal é elaborado por Patricio Méndez del Villar, pesquisador do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD, www.cirad.fr) da França.

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