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Arroz: preços mundiais continuam relativamente firmes

Preços internos continuam subindo, atingindo o maior nível desde 2008


Por *Patricio Méndez del Villar
 
Tendências do Mercado
 
Em setembro, os preços mundiais se mantiveram relativamente firmes, exceto na Tailândia, onde os preços recuaram ligeiramente devido às abundantes disponibilidades exportáveis. O diferencial de preços tende a diminuir frente aos seus principais concorrentes, especialmente o Vietnã, onde os preços subiram 4% em um mês. Não obstante, a diferença de preços continua sendo significativa. As perspectivas globais indicam uma produção mundial quase sem alterações em 2012/2013. Esta estabilidade se deve, sobretudo, à situação da Índia, onde a
produção terá queda significativa. Esta redução, contudo, não deve provocar mudanças importantes na política comercial da Índia, já que suas reservas são volumosas, nem tampouco impactar os preços mundiais nos próximos meses, já que se espera que a demanda também diminua em 2013, em quase 2%.

Em setembro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) subiu 3,5 pontos para 251,3 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 247,8 pontos em agosto. No início de outubro, o índice IPO declinou, marcando 249 pontos
 
Produção e Comercio Mundiais
 
Segundo a FAO, a produção mundial em 2011 aumentou 3% alcançando 723,2 milhões de toneladas (482,4Mt base arroz beneficiado) contra 702,1Mt de arroz em casca em 2010. Em 2012, as novas estimativas indicam colheitas estáveis em 725,1Mt (483,5Mt base arroz beneficiado). A produção aumentaria na China, Indonésia e Tailândia, e baixaria na Índia e na Coréia do Sul. Na África, as condições climáticas têm sido favoráveis, e se espera que a produção de arroz aumente 5%. Na América Latina, por outro lado, e especialmente no Cone Sul, a produção pode cair entre 12% e 15%.
 
Em 2011, o comércio mundial deu um salto de 16% alcançando um volume recorde de 36,4Mt contra 31,4Mt em 2010. Em 2012, o comercio pode cair 3% para 35,4Mt, em função da queda na demanda de importação asiática.
Os estoques mundiais de arroz no final de 2011 chegaram a 141Mt contra 134,2Mt em 2010. Em 2012, as projeções mundiais foram elevadas e devem alcançar um nível recorde de 156,1Mt, alta de 10,7%. As perspectivas para 2013 indicam um novo incremento para 165,3Mt. Estas reservas representam 35% das necessidades mundiais.
 
Mercado de Exportação
 
Na Tailândia, os preços tiveram uma leve queda. As autoridades esperam lançar a segunda temporada de compras de arroz a preços valorizados. Esta política de preços, iniciada em 2011 pelo novo governo tailandês, é cada vez mais criticada internamente, por seu alto custo, e a nível internacional por ser considerada contrária às regras da OMC. Frente a esta pressão, e sem questionar o fundamento desta política, o orçamento do Estado
para financiar estas compras poderia ser reduzido neste ano. As exportações, por sua vez, continuam registrando atraso de 45% em relação a 2011. Em setembro, o Tai 100%B foi cotado a US$ 570/t Fob contra $ 576 em agosto. Já o Tai Parbolizado se manteve estável a $ 591/t. O arroz quebrado A1 Super caiu levemente para $ 501/t contra $ 505/t em agosto. No início de outubro, os preços tailandeses se mantinham estáveis.

No Vietnã, os preços subiram novamente, valorizando 4% em um mês. A demanda externa se mantém forte graças ao diferencial de preços em relação aos concorrentes tailandeses. Durante os primeiros nove meses do ano, as exportações vietnamitas alcançaram cerca de 5,8Mt, contra 5,5Mt em 2011, na mesma época. No total, estas exportações poderiam ultrapassar as 7Mt em 2012. Em setembro, o Viet 5% marcou $ 456/t contra $ 436 em
agosto. O Viet 25% subiu para $ 420/t contra $ 408 em agosto.

No Paquistão, os preços tiveram um leve aumento. As exportações crescem, mas registram um atraso de 5% em relação ao ano anterior. Este atraso se deve especialmente às vendas de arroz basmati, que sofrem a competição com a Índia. Em setembro, o Pak 25% foi cotado a $ 400/t contra $ 396/t em agosto. No início de outubro, os preços se mantinham ainda firmes.
 
Na Índia, os preços subiram novamente 3% em um mês, mas seguem sendo os mais baratos do mercado. As vendas externas se mantêm ativas. Apesar das perspectivas de declínio da produção em 2013, as autoridades não parecem mostrar a intenção de interromper as exportações de arroz não aromático, como foi o caso em 2008. Em setembro, o arroz indiano 5% foi cotado a $ 440/t contra $ 428/t em agosto. O arroz indiano 25% subiu para $
394/t contra $ 383 anteriormente. No início de outubro, os preços se mantinham firmes.
 
Nos Estados Unidos, os preços permaneceram firmes também. O mercado interno se encontra pouco ativo devido ao importante fluxo de caixa que os produtores têm, por causa dos altos preços do milho e da soja. Em setembro, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 marcou $ 590/t contra $ 575 em agosto. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros tendem a se reafirmar, mas ainda se encontram em níveis inferiores aos observados em agosto.
 
No Mercosul, os preços de exportação aumentaram novamente em função das escassas disponibilidades oferecidas no mercado. As perspectivas de uma contração significativa da produção em 2013 deve pesar sobre os preços de exportação nos próximos meses. No Brasil, os preços internos continuam subindo, atingindo o nível mais alto desde a crise de 2008.

Na África subsahariana, as condições climáticas e de desenvolvimento dos cultivos têm sido favoráveis. Segundo as últimas estimativas, a produção de arroz deveria subir 5% em 2012/2013. Isto pode impactar as importações, as quais podem retrair levemente em relação ao ano anterior. Por sua vez, os preços internos dos cereais secundários continuam subindo, enquanto o preço do arroz tende a se estabilizar graças a condições internacionais de abastecimento mais favoráveis.
 
*O informativo mensal é elaborado por Patricio Méndez del Villar, pesquisador do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD, www.cirad.fr) da França.

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