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Arroz do Tocantins já abastece quatro estados

Excedente em 400 mil toneladas segue para Maranhão, Ceará, Piauí e Pará


Foto: Pixabay

Nos últimos anos a produção de arroz do Tocantins vem ganhando destaque. Nesta safra o Estado plantou 124 mil hectares, uma alta de 1,2%, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

O Tocantins planta tanto arroz de sequeiro quanto irrigado, sendo 15 mil hectares e 108 mil, respectivamente. O plantio do grão é impulsionado pelo aumento na demanda mundial no consumo, áreas ainda não exploradas e desenvolvimento de tecnologias.

Especialistas acreditam que o Tocantins pode se transformar no maior produtor de arroz do país, posto hoje ocupado pelo Rio Grande do Sul que, nesta safra, somou 946 mil hectares e mais de 8 milhões de toneladas.

O tema foi discutido durante a Feira Agrotecnológica do Tocantins (Agrotins).  O engenheiro agrônomo e consultor do mercado agro, Vladimir Brandalizze, analisa que a pandemia fez as pessoas ficarem mais em casa e fazerem a própria comida. Isso fez o arroz ter valoriação. “Historicamente na pandemia, o agro atingiu seus maiores níveis dos últimos 8 anos. Saímos de um valor 300 dólares/tonelada do arroz beneficiado para 600 dólares/tonelada e isso puxou a alta de outras commodities como grãos, carne e outros insumos”, explicou. 

Para ele o crescimento da população e benefícios do governo como auxílio emergencial, devem aumentar ainda mais a demanda e a produção de arroz não tem acompanhado esse ritmo de crescimento. 

Nesse cenário, o Tocantins tem um desafio, atender a demanda externa sem prejudicar a interna, por isso Daniel Fragoso, pesquisador da Embrapa, aponta a tecnologia no campo como uma solução. “Nós somos o terceiro maior produtor brasileiro de arroz, o arroz do Tocantins tem um valor econômico e social, porque ele é produzido na mesma região onde é consumido, mas não podemos parar de atender a demanda interna para alimentar o mundo. E, como melhoramos essa produção? Investindo em tecnologia e nisso o Brasil sai à frente de outros países, pois contamos com o trabalho da Embrapa”, destacou. 

Na safra 2020/21, o Tocantins produziu aproximadamente 700 mil toneladas de arroz em casca, que se traduz em cerca de 490 mil toneladas de arroz beneficiado, apresentando uma produção excedente em 400 mil toneladas. Esse excedente é destinado ao abastecimento das regiões Norte e Nordeste, mais precisamente os estados do Maranhão, Ceará, Piauí e Pará.

O produtor tocantinense do município de Pium, Alfredo Júnior, participou do painel e ressaltou a necessidade de mais incentivos para os produtores. “As alíquotas para importação estão beirando os 12% e nós temos uma média de 8 mil toneladas por hectare. Então, os nossos custos acabam sendo mais caros que outros Estados como o Rio Grande do Sul, que hoje é o líder no segmento. Em compensação, as indústrias têm recebido incentivos e conseguem mandar o arroz para fora com melhores condições”, ponderou. 

Nesse sentido, o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Aquicultura, Jaime Café, que mediou o encontro, ressaltou que o Governo do Tocantins prepara uma solução para esta questão. “Teremos um programa do Governo que irá ajudar no aproveitamento do crédito que fica represado e permitirá usar esse crédito na compra de equipamentos, assim o produtor vai poder melhorar seu maquinário abatendo esse crédito represado no ICMS dessa máquina”, informou. 

Os produtores também terão uma nova opção de cultivar para o Estado. A Embrapa vai lançar a BRS A704, nova cultivar de arroz irrigado com grande potencial de mercado, resistente às principais doenças do arroz e apresenta tolerância ao acamamento e com potencial produtivo de 14.986 kg por ha (observado no Rio Grande do Sul, na safra 2019/20), com produtividade média de 9.414 kg por hectare.
 

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