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Arrozeiros querem ajuda do governo para elevar consumo

O aumento do consumo interno - com a diversificação dos produtos - é visto como alternativa à crise


Nos últimos cinco anos, a produção aumentou 23%, mas a demanda cresceu apenas 7%. O aumento do consumo interno - com a diversificação dos produtos, como arroz com sabores - é visto como alternativa à crise da orizicultura brasileira, que enfrenta preços baixos devido ao alto estoque de passagem de uma safra para outra. Neste ano, há um excedente de 1,5 milhão de toneladas.

Enquanto a produção aumentou 23,3% nas últimas cinco safras, o consumo total se elevou 7,3%. Por isso, o setor vai apresentar ao governo projeto para ampliar a demanda de dois produtos básicos da alimentação: arroz e feijão. A proposta é vinculá-los, em campanha publicitária, como ideais da dieta brasileira. A campanha está orçada em R$ 6 milhões.

Segundo o presidente da Câmara Setorial do Arroz, Francisco Schardong, a idéia é que metade da campanha seja financiada pelo governo, podendo ser uma ação do programa Fome Zero. Nos próximos dias, o ministro Roberto Rodrigues receberá a proposta.

"Iniciativas isoladas até hoje não surtiram efeito", diz Jairton Russo, diretor-comercial da Extremo Sul Cooperativa Arrozeira. Para ele, a crise será superada também com a intervenção do governo, retirando o excedente de produção, o investimento em exportação e a isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Outra frente é atacar as importações - os produtores solicitaram à Câmara de Comércio Exterior (Camex) a imposição de salvaguardas ao produto do Mercosul e estão bloqueando, desde quarta-feira, postos de fronteira no Rio Grande do Sul.

O analista Aldo Lobo, da Safras & Mercado, não acredita que uma campanha surta efeito. "O arroz e o feijão já fazem parte da dieta do brasileiro e o que poderia incentivar a compra é o preço, que já está baixo", avalia.

A pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Beatriz da Silveira Pinheiro, autora da proposta da campanha, diz que as indústrias deveriam investir em produtos práticos, como o arroz semipronto ou congelado. Além disso, poderiam diversificar a produção, oferecendo variedades específicas para a culinária internacional (ver matéria ao lado) e subprodutos, como óleo e farinha.

A diferenciação foi a estratégia utilizada pela Josapar S.A. para aumentar as vendas de arroz em 4% em 2004. Há 10 anos, a empresa passou a produzir arroz com preparo rápido e linhas especiais. Hoje, o segmento atende por 10% da receita da indústria - não revelada. Futuramente, a empresa avalia lançar pratos prontos, que precisem apenas de aquecimento. De olho neste mercado, a Urbano Agroindustrial também quer lançar novos produtos, mas não revela a estratégia. "A diversificação é uma alternativa", afirma o diretor da empresa, Jaime Franzner.

Outra opção é buscar mercados externos. "A estratégia é se unir aos países vizinhos do Mercosul e exportar junto", diz Beatriz. No entanto, o presidente da Associação Brasileira da Cadeia Produtiva do Arroz (Abrarroz), Arthur Albuquerque, diz que, diante da crise atual de diplomacia, dificilmente um acordo possa ser fechado em médio prazo. Para ele, em outra situação, os vizinhos aceitariam se unir. "O País é uma boa moeda de troca", avalia. Segundo ele, o potencial de mercado do Brasil abriria a negociação e os parceiros do Mercosul, com seu "know-how", completariam a transação. Com isso, paralelamente, Argentina e Uruguai ampliariam seus embarques, diminuindo a exportação para o Brasil. E, posteriormente, o Brasil poderia acessar os mercados abertos pela parceria.

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