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Artigo: Canola - como o planejamento pode melhorar os resultados?

Ainda maiores tendem a ser os benefícios se o planejamento é realizado com antecedência e baseado em informações de qualidade


Por *Gilberto Omar Tomm

Valiosas oportunidades de melhoria dos resultados técnicos, da lucratividade e da segurança nas atividades agrícolas podem advir de seus planejamentos. Ainda maiores tendem a ser os benefícios se o planejamento é realizado com antecedência e baseado em informações de qualidade. Aqui destacamos as oportunidades associadas ao planejamento da produção de canola e suas relações com outras culturas dos sistemas de produção de grãos.

O planejamento da rotação de culturas, em cada gleba da propriedade, permite reduzir problemas fitossanitários provenientes da sequência de cultivos que são hospedeiros das mesmas doenças, das mesmas pragas e nos quais se repete o emprego de defensivos similares, favorecendo o desenvolvimento de “pragas resistentes”. Por estas razões, a canola, pertencente à família das crucíferas (como o repolho), constitui alternativa técnica e economicamente atraente para milhões de hectares dos sistemas de produção de grãos brasileiros, os quais são compostos predominantemente por gramíneas como o milho, o trigo e a aveia, e por leguminosas como a soja e o feijão.

O planejamento da rotação incluindo a canola permite o emprego de herbicidas de menor custo para reduzir infestações com aveia, azevém e plantas daninhas de folhas estreitas que causam prejuízos em lavouras de trigo, por exemplo. Por outro lado, o planejamento permite diminuir o risco de efeito residual de determinados herbicidas que são aplicados em soja e milho, os quais podem causar fitotoxicidade na canola. Detalhes destas e de outras indicações para a escolha da área para cultivo de canola visando a aumentar o potencial de rendimento estão disponíveis em http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do113_3.htm.

A definição de um programa de rotação na propriedade, preferencialmente para período de vários anos, permite aumentar a eficiência e a economia no uso de fertilizantes. Como exemplo, a sequência de culturas soja-canola-milho, quando comparada com a sequência milho-canola-soja, contribui para maior eficiência do uso de nitrogênio. A palha de milho tem uma relação Carbono : Nitrogênio em torno de 64:1. Para decompô-la, os microorganismos retiram N do solo, limitando a disponibilidade deste nutriente para a canola, diferentemente da soja que tem relação C:N mais próxima de 20:1, a proporção requerida por estes micro-organismos. Assim, em resteva de milho é necessário aplicar dose maior de N para obter o mesmo rendimento de canola. Como é enfatizado investir na adubação de N em canola (rendimentos crescentes empregando até 120 kg/ha de N), é mais indicado cultivar milho (em vez de soja) após a canola. Por que? Porquê a Fixação Biológica de Nitrogênio - FBN em soja é inversamente proporcional à disponibilidade de N no solo (o custo energético da FBN é maior do que o da absorção de N mineral do solo). Além disto, é mais fácil obter adequado estabelecimento da canola em resteva de soja do que de milho, devido à menor quantidade de palha. Também, é menor o risco de morte de plântulas de canola pelo efeito de geadas (associado à maior quantidade de palha na linha de semeadura).

A semeadura e a colheita de canola são as operações que mais diferem em relação a outros cultivos e que têm sido mais decisivas no seu nível de sucesso. É recomendável que o preparo e a regulagem de semeadoras sejam realizados no “galpão”, com bastante antecedência, preferencialmente em período de menos atividade, logo após a implantação dos cultivos de verão. A obtenção, instalação e ajuste de kit especial para semeadura de canola e de facão-sulcador para facilitar o desenvolvimento radicular e a remoção de palha na linha de semeadura, bem como todas as regulagens, com exceção da profundidade de deposição de sementes, tendem a ser de maior qualidade se planejadas e realizadas com bastante antecedência, o que permite, inclusive, em caso de pequenas áreas, que se prepare e empregue uma (a melhor) semeadora em várias propriedades.

O planejamento do corte-enleiramento e colheita é favorecido pela aquisição de plataformas que precisam ser encomendadas com antecedência, ou da identificação de prestador de serviço. A prestação de serviços de corte-enleiramento e colheita de canola ainda é limitada, mas é favorecida pela diferença de época de semeadura, que ocorre antes no estado do Paraná (inicia em 1o de março) do que no Rio Grande do Sul (inicia em 14 de abril). Desta forma, é possível evitar a imobilização de capital com a compra individual destas plataformas.

Em geral, no hemisfério sul o potencial de rendimento decresce a cada dia que se atrasa a semeadura em relação ao início da época recomendada para cada região (exemplificada acima). Portanto, o planejamento do cultivo anterior é importante para que a área onde vai ser semeada canola já esteja disponível para o manejo de plantas daninhas e das da cultura anterior (como a soja “guacha”) e para a semeadura de canola na época que proporciona maior potencial.

O principal ingrediente para o sucesso de quem deseja começar a cultivar canola é a busca de conhecimento sobre os aspectos diferenciados do manejo dessa cultura. Informações detalhadas sobre a tecnologia de produção de canola estão disponíveis em http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do113.htm. Indicações detalhadas de cuidados que têm contribuído para aumentar o rendimento das lavouras da média atual, em torno de 1.500 kg/ha para 2.500 kg/ha, obtidos por produtores com maior domínio do manejo, estão disponíveis em http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do118.htm. Anualmente, no início de março, o DRS Biocombustíveis promove, na Embrapa Trigo, treinamento detalhado sobre o assunto. Iniciar, com meses de antecedência, a interação com as empresas e cooperativas que fomentam a produção de canola permite aperfeiçoar o planejamento através da definição dos insumos e práticas mais adequados e obter assistência técnica e informações sobre aspectos comerciais. É recomendável que o produtor obtenha financiamento para custeio da lavoura com seguro agrícola, porque o produtor estará tendo vantagens mesmo em caso de perda da lavoura por problemas climáticos. Os benefícios indiretos do efeito residual dos fertilizantes empregados na canola e da cobertura de solo com canola têm potencial para aumentar a lucratividade das culturas seguintes.

*Pesquisador da Embrapa Trigo

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