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As alterações provocadas pela variação climática

Clima direciona produtores a mudar decisão na hora de formar lavouras de verão


Clima direciona produtores a mudar decisão na hora de formar lavouras de verão
 
Para o setor produtivo agrícola o ano vem sendo marcado por variações climáticas que provocam inquietações quase que permanentes dentro das propriedades rurais. Uma estiagem prolongada causou no Rio Grande do Sul perdas consideráveis na safra de grãos 2011/2012. As duas principais culturas da estação de verão, soja e milho, tiveram suas produtividades comprometidas em função da falta de chuvas que se prolongou entre os meses finais do ano passado e primeiro trimestre de 2012. Os prejuízos foram inevitáveis para o setor que tem no grão da oleaginosa e do cereal as duas principais fontes de renda agrícola na região. Parte das perdas de produção de grãos teve compensação no preço pago pelo mercado comprador dos produtos agrícolas. A soja chegou a bater em valores de R$ 70,00 a saca. Já o milho teve momentos que foi comercializado acima de R$ 30,00 a saca.

Soja: Safra 2012/2013

O sojicultor está investindo convicto de que todas as perdas do ano passado serão recuperadas com a safra 2012/2013 que começa a ser formada com o plantio das primeiras lavouras da oleaginosa. A movimentação nas empresas e cooperativas que comercializam os insumos agrícolas (sementes, adubos, defensivos, herbicidas, fungicidas e calcário), registra movimentos que apontam investimentos em tecnologia, principalmente, dentro das áreas rurais maiores. A expectativa do produtor rural, com o início do plantio, passa a ser focada nas condições climáticas, desfavoráveis na safra passada, mas com tendência de garantir para a safra futura todas as condições necessárias para excelentes produtividades no campo agrícola.

Para o agrônomo da Cooperativa dos Agricultores de Chapada, Mauro Rohr, o produtor não pode ficar atrelado aos problemas ocorridos pelo clima seco que trouxe preocupação na última colheita do grão. “O foco tem que estar na formação de boas lavouras, pensando no futuro. A inquietação tem que ser substituída por boas perspectivas, mesmo havendo a necessidade do clima colaborar chovendo dentro de uma normalidade. O ideal é o agricultor planejar sempre duas safras na frente, não apenas aquele que está formando”, disse o agrônomo.

De acordo com Rohr, este ano está havendo mais uma mudança em termos de área destinada ao plantio da soja. “Há um mês não havia ocorrido a geada que danificou a cultura do milho. O resultado negativo com o cereal vai elevar a quantidade da área destinada ao plantio da soja. O clima desfavorável para uma cultura está influenciando diretamente na semeadura da outra”, comentou. O agrônomo cita como exemplo o município de Chapada, onde a soja deverá pular de 36 para 39 mil hectares plantados com a oleaginosa.

Em Palmeira das Missões município com a segunda maior área destinada à produção de grãos, este ano a soja deverá ocupar 90 mil hectares de terra. Conforme o agrônomo Hamilton Jardin, a oleaginosa vai ocupar cerca de 2 mil hectares a mais de soja do que o previsto inicialmente. A soja vai ocupar o espaço das lavouras de milho que foram destruídas pelo frio do final do mês passado.

A tecnologia na produtividade

A produtividade média da soja computada na última safra não pode servir de parâmetro de projeção das lavouras que estão sendo formadas a pouco mais de uma semana. Mesmo o clima tendo influência em até 70% dos números da produção, o agrônomo destaca que a tecnologia é indispensável para aumento nos índices de produtividade de uma lavoura. “A prova é que tem áreas em que o produtor consegue produzir até acima de 70 sacas por hectare e, têm outras, formadas sem investimentos tecnológicos que a quantidade de soja, retirada em um hectare, gira na casa das 35 sacas por hectare”, compara Rohr.

Ele lembra que os agricultores também alteraram a variedade de sementes que estão levando para as lavouras. “Este ano a maior parte das lavouras será plantada com variedades de ciclo médio, o que representa uma inversão quando na última safra houve prioridade na semeadura das cultivares precoces. A tecnologia permite os agricultores a fazerem este tipo de avaliação em função das variações climáticas”, comenta o agrônomo.
 
Depois do plantio, as variedades precoces são colhidas em média de 120 dias, o que representa até duas semanas antes das de ciclo médio. Conforme Rohr nesta safra, a agricultura de precisão deverá chegar nos 5.500 hectares de soja. “Este é um sistema tecnológico de produção de grãos que avança de maneira mais lenta, em comparação com o que foi a implantação do sistema de plantio direto”, comentou.

Segundo o agrônomo, a utilização da agricultura de precisão representa ter lavouras com potencialidade de produtividade na casa das 80 sacas de soja por hectare. “Atualmente, existem quatro formas de plantio de soja; temos as lavouras com baixa tecnologia; as plantadas com alta tecnologia; e as formadas com a utilização da agricultura de precisão; e tem as áreas plantadas com projeto de irrigação”, comentou Rohr.

Segundo ele, isto significa vários picos de produtividade, que geralmente fecham na média final em 55 sacas por hectare. No município de Palmeira das Missões a estimativa é de que a agricultura de precisão ocupe este ano pouco mais de 10% das lavouras de soja. O pico principal de plantio da soja acontece entre o final deste mês a primeira quinzena de novembro. O custo de plantio de 1 hectare tem custo na casa dos R$ 1 mil.

Perdas no milho

Depois dos prejuízos causados pela seca registrada na safra passada, os produtores agora amargam os prejuízos com a geada formada na região no final de setembro. O clima já havia sido responsável pela redução de 15% das áreas destinadas ao milho para a safra 2012/2013. Os estragos causados nas plantas, por causa do frio, estão deixando a região com uma redução ainda maior. Carazinho perto de 1 mil hectares do cereal, danificado pela geada, serão substituídos pelo plantio da soja. Já no município de Chapada 3 mil hectares de milho foram destruídos. O espaço também será plantado com soja. Os prejuízos totais causados pela geada ainda não foram computados. Conforme o agrônomo Mauro Rohr, em cada hectare plantado com milho o produtor investiu acima de R$ 2 mil. Carazinho plantou cerca de 5 mil hectares com o cereal e Chapada havia semeado 9 mil hectares, dos quais 3 mil foram perdidos.

A colheita de trigo

Com pouco mais de 20% do trigo colhido a produtividade tem variações de 45 a 55 sacas por hectare. A diferença de produção é o resultado do mesmo clima que atingiu as áreas de milho. No momento as chuvas da semana voltaram a deixar os triticultores preocupados pois, quase a totalidade das lavouras do cereal estão prontas para serem colhidas. O excesso de umidade baixa a qualidade do grão reduzindo os lucros da atividade. As restevas deverão ser ocupadas com soja.

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