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Assentamentos produzem uva orgânica 28,5% mais barata que convencional

A colheita deste ano é estimada em 7 mil caixas de 3 quilos de uva


Os assentamentos rurais localizados da Grande São Paulo têm mostrado que é possível produzir alimentos orgânicos com preços atrativos. A colheita deste ano estimada em 7 mil caixas de 3 quilos de uva, produzida sem agrotóxicos, será vendida a R$ 5 o quilo, enquanto o preço da uva convencional gira em torno de R$ 7 o quilo no mercado.


É a uva da reforma agrária, que será comercializada por meio de uma rede de solidariedade envolvendo vários sindicatos e organizações da sociedade civil e escoará a produção do assentamento federal Dom Pedro Casaldáliga, em Cajamar, do assentamento estadual Dom Tomás Balduíno, em Franco da Rocha, do acampamento Irmã Alberta, em São Paulo, e do Centro de Formação Campo e Cidade, em Jarinu. Juntos estes assentamentos somam as 7 mil caixas a serem vendidas, mas a demanda da rede de solidariedade é de pelo menos 10 mil caixas.

No assentamento Dom Pedro Casaldáliga, em Cajamar, esta é a segunda safra e deve render 600 caixas. Por enquanto, seis famílias plantaram videiras. Almerinda Marques Almeida e seu filho Gilmar Marques Almeida cultivam mil pés de uva. “O resultado foi muito bom”, comemora Almerinda. Ela já plantou outras 350 videiras, que devem começar a produzir no ano que vem.

Flávio Barbosa de Lima, uma das lideranças do assentamento, acredita que, com o bom resultado desta safra, outros produtores vão aderir à viticultura. Um deles é José Roberto Alves da Silva. “Quero plantar pelo menos mil pés de uva”, planeja. Ele já pratica a agricultura orgânica: plantou 70 pés de berinjela usando apenas esterco como adubo e ficou satisfeito com a colheita.

No preparo do solo para o plantio da uva, os assentados dispensaram produtos químicos e utilizaram apenas torta de mamona e pó de osso. O combate às pragas foi feito com uma solução de sulfato de cobre. Os assentados também evitam carpir entre as videiras. “Esse mato em volta é diversidade e evita a proliferação de pragas”, explica Lima. “Nem formiga atacou. Só tivemos perdas com os pássaros, mas, mesmo assim, eu não cheguei a perder nem dez cachos de uva”.


Lima faz as contas e chega à conclusão de que só o assentamento de Cajamar será capaz de produzir 10 mil caixas no futuro. “Se cada uma das 30 famílias assentadas plantar um hectare de uva, vamos ter aproximadamente 60 mil pés. Com isso, podemos chegar a 10 mil caixas ou mais”, calcula.

Além da uva, os agricultores do assentamento Dom Pedro cultivam outras espécies frutíferas, como banana, limão e jaca. E toda a produção é agroecológica, seguindo os princípios do desenvolvimento sustentável. A partir do ano que vem, a comunidade espera começar a fornecer produtos para a alimentação escolar em Cajamar.

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