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Assistência técnica do Senar aumenta produtividade de leite em SC

Programa atende 1.785 propriedades em 144 municípios do Estado


Foto: Pixabay

O casal de Araranguá, no sul de Santa Catarina, Francisco de Assis Martins e Raquel de Matos Joaquim, viu a produção de leite diária aumentar em 57% em um ano. A produtividade por vaca também atingiu ganho de 80% no período e as despesas caíram 16% na propriedade. A família que tem um rebanho de 33 animais atingiu uma produção média de 9,6 mil litros de leite por mês, quase 4.000 a mais que no mesmo período do ano anterior, utilizando a mesma área.

Na outra ponta do Estado, no município de Formosa do Sul, na região oeste, os produtores Sidimar da Silva e Sibele Grutka também comemoram os resultados da atividade. Sem fazer investimentos altos e com número menor de vacas, eles aumentaram em mais de 70% a produtividade em um ano e meio. Com um rebanho de 32 animais, o casal produzia 11.700 litros de leite por mês e uma média de 12,19 litros diários por vaca. Com adequações de manejos, a produtividade saltou para 24,31 litros por animal ao dia.

As duas famílias fazem parte dos grupos de produtores atendidos pelo programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) na bovinocultura de leite do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc). O programa, em parceria com 51 sindicatos rurais de todo o Estado, atende 62 grupos e 1.785 propriedades em 144 municípios. O objetivo é acompanhar a produção leiteira, auxiliar os produtores no trabalho de campo e orientá-los no gerenciamento das atividades e na gestão dos negócios. Toda essa demanda é atendida por 62 técnicos de campo, quatro supervisores técnicos e sete supervisores regionais.

Desde 2016, o ATeG leite já atendeu 3.639 produtores e tem alcançado resultados impactantes para a cadeia produtiva. Segundo a coordenadora estadual do programa, Paula Araújo Dias Coimbra Nunes, a assistência técnica e gerencial ajudou a aumentar em 14% a produtividade média de todas as propriedades atendidas no Estado em apenas um ano de atendimento.

“O programa acompanha de perto os produtores, capacitando-os sobre os diversos aspectos da cadeia leiteira como nutrição animal, alimentação, sanidade, reprodução, criação de bezerras, qualidade do leite, manejo de pastagens e administração das propriedades. São técnicas que qualificam a produção e melhoram a produtividade”, destaca Paula.

Ganho de produção

Esses resultados são sentidos pelos produtores. “Eu era apenas um tirador de leite, hoje sou um pequeno produtor. A ATeG trouxe muitos avanços”, conta o produtor Francisco de Assis Martins. Há um ano no programa, ele implantou melhorias no manejo das pastagens, piqueteamento das áreas, instalação de água nos piquetes e fez investimentos em infraestrutura e maquinários (sala de alimentação, espalhadeira de fertilizantes e misturador de rações). “Com isso, conseguimos melhorar a produtividade. As vacas aumentaram de 10 litros para 18 litros por dia”, comemora ele ao contar que a assistência técnica também ajudou a reduzir 4% dos custos operacionais totais e 97% da contagem bacteriana total (CBT).

A melhora na produção também é apontada por Sidimar da Silva e Sibele Grutka. Após um ano no projeto, eles adequaram a pastagem e disponibilizaram mais água para os animais nos piquetes e na saída da sala de trato. O pequeno investimento teve grande resultado. Mesmo com cinco animais a menos em lactação, a produção aumentou para 21.105 litros por mês. A qualidade do leite também melhorou, com redução de 44% da contagem de células somáticas (CCS) e 64% da contagem bacteriana total (CBT). “Nossa propriedade evoluiu muito com a assistência técnica e isso demonstra o quanto o programa pode mudar a vida dos produtores”, ressalta Sidimar.

Mercado

O presidente do Sistema Faesc/Senar-SC, José Zeferino Pedrozo, sublinha que a produção de leite em Santa Catarina é destaque no País. O Estado é o quarto maior produtor nacional, com 33 mil produtores e 3 bilhões de litros ao ano. A grande bacia leiteira catarinense é a região oeste, que responde por 75% de todo leite produzido - quase 2,4 bilhões.

O desafio, segundo ele, é manter os produtores na atividade e melhorar a competitividade do leite. “Isso passa pela organização da cadeia produtiva e pela melhoria da infraestrutura, técnicas estas que são a base do programa ATeG oferecido pelo Sistema Faesc/Senar no Estado”, observa.

Para o superintendente do Senar/SC, Gilmar Zanluchi, o aumento de produtividade registrado pelo programa é o caminho para o fortalecimento do setor. “Há hoje maior profissionalização da pecuária de leite em Santa Catarina. Os produtores estão investindo em qualificação e se tornando especialistas na atividade por meio de programas como o ATeG. É um diferencial que está transformando toda a cadeia”, enfatiza.

Programa melhora índices

Os técnicos do programa ATeG, Cidiane Petkovicz Pozza e Ricardo Borges, que atendem os produtores nas regiões oeste e sul, respectivamente, afirmam que o desafio da pecuária de leite é melhorar os índices de produtividade por área. “O projeto incentiva os produtores a melhorarem o que eles já têm. É possível ter maior lucro e eficiência, sem necessariamente fazer investimentos com a compra de animais ou estruturas”, explica Cidiane, que atende 30 produtores em quatro municípios da região.

Ela conta que os números alcançados pelos produtores Sidimar e Sibele em Formosa do Sul refletem adequações no manejo de pastagens, na adubação do solo, na alimentação e melhorias na reprodução do rebanho. “As vacas não tinham acesso a água, havia um bebedouro de 100 litros para 32 animais. Conseguimos distribuir 11 bebedouros nos piquetes e no acesso à sala de trato e a produção deu um salto significativo em questão de meses, passando de 11.700 para 21.100 litros. É isso que a assistência técnica faz, identifica os pontos críticos e os fatores de risco em cada propriedade e os ataca”, argumenta Cidiane.

Investimentos na correção do solo, no sistema de manejo de pastagens e na adubação são destacados pelo técnico Ricardo Borges como imprescindíveis para o aumento da produtividade leiteira. Ele atende uma turma de 30 produtores de cinco municípios do sul, região que ainda dá os primeiros passos na produção e tem a atividade como secundária, dividindo espaço com plantações de fumo e maracujá, principalmente. “São pequenas propriedades, mas com muitas áreas ociosas. Elas estão sendo otimizadas para melhorar o aproveitamento e, consequentemente, a produção. Quem já conseguiu organizar as áreas, melhorar o solo e a formação de pastagem já colhe resultados de até 100% de aumento”, cita ele ao destacar que foram essas mudanças que transformaram a produção de Francisco de Assis Martins, em Araranguá.

Outro ponto importante mencionado por Borges é estimular a sucessão familiar nas propriedades, dando continuidade às empresas rurais, como alternativa à falta de mão de obra que reduziu em 40% o número de produtores de leite nos últimos 12 anos no Estado. “Há uma mudança de comportamento em curso que está exigindo maior conhecimento técnico dos produtores. Eles precisam envolver e orientar os filhos para que a atividade seja mantida. Hoje, ficar no campo é uma escolha, não falta de opção”, declara.

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