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Atividade arrozeira gaúcha teve margem negativa de 9% na safra 2017/18

Produtor não conseguiu fechar contas em 2018 com a elevação das despesas e a remuneração inadequada


A rentabilidade é um grande desafio no arroz, que enfrenta custos altos, sem a devida correspondência nos preços. Em 2018, os produtores não conseguiram fechar as contas, computando os seus custos totais, o que influiu na decisão de reduzir novamente a área em todas as regiões brasileiras, observou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). No Rio Grande do Sul, maior Estado produtor, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com dados da atividade em Cachoeira do Sul referentes a dezembro de 2018, calculou margem líquida de menos 9,28% na safra 2017/18.

“O ano de 2018 não foi nada fácil para a cadeia produtiva de arroz”, avaliou o Cepea, verificando que, mesmo com queda de 2,1% na produção, certa estabilidade interna e redução de 5% nos estoques, os preços médios ficaram menores do que os de 2017, tanto em termos nominais (-2%) quanto reais (-7,5%)”. Em relação a 2019, manifestou no mês de janeiro a expectativa de nova redução da produção, bem como da disponibilidade interna e do estoque final, “mas com recuperação de preços internos, que devem se sustentar no decorrer do ano”.

Da mesma forma, a Conab previa margens melhores para o setor na nova safra. Além do Rio Grande do Sul, a companhia avalia a rentabilidade no Mato Grosso, onde, com base na realidade do município de Sorriso em dezembro de 2018, também verificou margem negativa de 12,77% na temporada passada. Já para o ciclo 2018/19, a perspectiva era de margens líquidas positivas nos dois estados: 15,67% no Estado do Centro-Oeste e 6,67% no Sul. Em ambos, a previsão era de receitas maiores, enquanto as despesas seriam ainda um pouco superiores às do período anterior em lavouras gaúchas, mas pouco menores nas mato-grossenses.

A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), em seu relatório de virada de ano, observava recuperação de preços no arroz e projetava sua continuação, com expectativa de queda forte nos estoques. Por outro lado, no início do novo ano, teve de lamentar enchentes ocorridas nas regiões da Campanha e da Fronteira Oeste, que causaram “prejuízos milionários à produção gaúcha, agravando a crise e o endividamento dos arrozeiros, após sucessivas defasagens no preços do produto, em função do alto custo de produção brasileiro em relação ao Mercosul”, comentou o presidente Gedeão Pereira.

O problema motivou gestões da entidade, bem como da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS) e da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), junto ao governo federal, buscando, de forma especial, securitização das dívidas (venda em forma de títulos para outros investidores). Também reforçaram demandas antigas, como revisão do cálculo do preço mínimo e medidas concretas que auxiliem a reduzir custos brasileiros no setor em comparação com países vizinhos.
 

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