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Ativos de grãos: preço da soja cai e fertilizantes ficam mais caros

Boletim da CNA e Cepea apresenta o cenário da soja, milho, trigo e algodão


Boletim da CNA e Cepea apresenta o cenário da soja, milho, trigo e algodão

A redução nos preços da soja no mercado doméstico e o aumento dos valores dos fertilizantes resultaram em uma combinação bastante negativa para o agricultor brasileiro neste ano, reduzindo o poder de compra do setor rural. Em dezembro do ano passado, o produtor de Sorriso, em Mato Grosso, precisava vender 24 sacas de soja para comprar uma tonelada do fertilizante fosforado do tipo MAP, específico para solos com deficiência de fósforo. Em fevereiro de 2010, esse mesmo produtor precisou vender 46,5 sacas de soja (ou seja, 93,75% a mais) para comprar uma tonelada de MAP.

A deterioração da relação de troca para os produtores de soja ocorreu justamente na hora em que tinha início o planejamento da safra 2010/2011, especialmente a do Centro-Oeste. Esses dados, assim como análises referentes aos cenários para a produção de milho, algodão e trigo estão presentes na mais recente edição do boletim “Ativos de Grãos” (clique aqui para acessar), publicação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Para os produtores de soja, além da piora na relação de troca do produto por insumos, há outro problema em questão: a forte presença da ferrugem asiática, doença que completou dez anos no Brasil na safra 2009/2010. Mesmo com medidas como a adoção do vazio sanitário (um período em que todas as terras cultiváveis com soja ficam sem o plantio do cultivar), o País não conseguiu erradicar ou ao menos minimizar a propagação da doença. Em janeiro de 2010 foram registrados 1.760 casos, a maior quantidade desde a safra 2004/2005. Fatores como a intensa presença de chuvas entre maio e setembro (período normalmente seco na maior parte das regiões produtoras) comprometeu os resultados do vazio sanitário. A resistência da ferrugem asiática aumenta as despesas do produtor rural, que se vê obrigado a aumentar a aplicação de defensivos para combater a doença, indica o boletim da CNA, feito em parceira com o Centro de Estudos em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz da Universidade de São Paulo (Cepea/USP).

Quem apostou no milho também viu os preços de dois insumos indispensáveis seguirem tendências diferentes. Por um lado, os valores dos fertilizantes caíram; mas em contrapartida houve aumento nos preços das sementes, o que impediu uma maior redução geral dos custos de produção. Em Sorriso, o cultivo de milho safrinha convencional custou R$ 1.2021,58 por hectare na safra 2008/2009, caindo 16,5% na safra 2009/2010, para R$ 853,12 por hectare. A questão da remuneração do produtor dependia, no momento da apuração dos dados do boletim, dos preços de comercialização.

Os cotonicultores, depois de enfrentarem os mais baixos preços de comercialização em abril, viviam, no primeiro semestre deste ano, um momento de recuperação. Em janeiro deste ano já havia recuperação dos preços do algodão em 26% na comparação com igual mês do ano passado. Considerando o mesmo período de análise, os preços da soja caíram 17% e os do milho, 8%. Todo o material do boletim “Ativos de Grãos” está disponível no Canal do Produtor (www.canaldoprodutor.com.br), aberto para consulta ao público em geral.

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