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Atraso na carga de soja preocupa produtores brasileiros


Donos de esmagadoras de soja na China, maior país importador do grão, continuam tentando cancelar ou atrasar o embarque de carregamentos de soja do Brasil e da Argentina, ameaçando contratos de milhões de toneladas da oleaginosa, disseram traders ontem.

Eles revelam que muitos dos esmagadores ficaram sem dinheiro devido às limitações de crédito impostas pelo governo, que está tentando frear investimentos descontrolados e a pressão inflacionária causada pelo aumento dos preços das matérias-primas, incluindo a soja.

Com preços domésticos chineses do farelo de soja diminuindo e os futuros da Bolsa de Chicago recuando das máximas de vários anos, fornecedores de soja temem a inadimplência com, no mínimo, de 20 a 30 carregamentos de soja previstos para chegar no curto-prazo, eles disseram.

"É possível que vejamos falta de pagamento em um pequeno período de tempo", afirmou um trader de uma corretora internacional em Xangai. "Sou um dos pessimistas. Uma vez que isso aconteça, envolverá um grande volume, talvez 20 a 30 navios".

Outros traders estimaram que cerca de dois milhões de toneladas de soja estavam em risco, se não mais, já que esmagadores chineses contrataram de sete a oito milhões de toneladas da América do Sul este ano. "É um desastre", apontou outro trader em Xangai. "A maior questão é o problema de pagamento. Talvez eles não serão capazes de pagar por um bom tempo. Talvez em dois meses veremos alguns esmagadores a caminho da falência".

Compradores alternativos

Traders disseram que compradores chineses e fornecedores internacionais estavam negociando uma fórmula para impedir uma crise. Mas eles disseram, contudo, que a situação era quase impossível.

Compradores chineses não poderão arcar com as altas taxas de cancelamento ou atraso nas embarcações, a maioria contratada durante uma forte valorização do grão em Chicago no ano passado. Do outro lado, fornecedores enfrentarão dificuldades em achar novos compradores para tantos carregamentos. Mesmo se encontrassem, perderiam muito devido à desvalorização dos preços desde então.

"Eu não vejo qualquer solução porque preços domésticos do farelo de soja estão caindo", afirmou um trader sênior de uma corretora internacional. "As pessoas precisam elaborar algum programa. Mas não é uma coisa tão fácil. Muitos não têm dinheiro".

Quatro carregamentos estavam em espera na China, já que compradores não abriram cartas de crédito ou as autoridades da quarentena do país asiático não emitiram permissão para importações. Na ausência de interesse chinês sobre novos acordos, alguns traders disseram que os valores do frete da América do Sul para a China caíram para entre US$ 40 e US$ 45 a tonelada, queda ante cerca de US$ 90 no início de abril.

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