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Atraso nas chuvas demanda diferentes estratégias de produtores de soja

Alguns agricultores tem-se arriscado a plantar em solo com pouca umidade


Nesta safra 2010/2011, a demora no estabelecimento regular das chuvas provocou o atraso do plantio da soja na região Centro-Oeste. Com a preocupação de não perder a melhor época, alguns agricultores tem-se arriscado a plantar mesmo que o solo não tenha ainda recebido a quantidade de chuvas suficientes para deixar a umidade adequada. Para os que optam por essa estratégia, é necessário adotar cuidados adicionais com o plantio das lavouras. É o que recomenda o pesquisador Sebastião Pedro, que coordena a pesquisa de soja na Embrapa Cerrados, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

“Para enfrentar a escassez hídrica em algumas regiões, é recomendável o tratamento de sementes com fungicidas, o que, nas condições de germinação lenta e de exposição das sementes aos patógenos, permite o melhor estabelecimento da população de plantas”, sugere. Ainda como estratégia de redução dos impactos da falta de chuva, o agricultor pode alternar grupos de maturidade das cultivares. “Recomenda-se que o produtor inicie o plantio com sojas precoces, continue com cultivares de ciclo médio e gradativamente até terminar com sojas de ciclo tardio”, afirma. “Assim, evita-se que toda a lavoura entre no período de floração na mesma época e fique vulnerável a longos períodos de estiagem em fases críticas da cultura”, completa.

Segundo o pesquisador Fernando Macena, que atua na área de agrometeorologia na Embrapa Cerrados, o atraso da chuva nesta safra está associado ao fenômeno climático denominado “La Niña”, que se caracteriza pelo resfriamento das águas na região do Pacífico Equatorial e pela convecção na região da Indonésia. “Na região Centro-Oeste não existe uma relação direta entre a quantidade de chuva precipitada e o fenômeno, ou seja, há anos em que chove abaixo e outros em que chove acima da média pluviométrica. Porém neste ano já se tem observado atraso das chuvas na principal região produtora de soja do país”, explica.

Para o pesquisador, num ano como o atual em que ocorre o fenômeno, o produtor precisa ficar alerta, pois novos riscos climáticos não podem ser descartados. “A previsão climática para os últimos meses de 2010 aponta para a maior probabilidade de ocorrência de chuvas acima da média no norte da Região Norte e abaixo da média no centro-sul do Brasil”, afirma. Segundo Macena, essa previsão foi baseada no resultado de modelos climáticos, que também indicam a persistência do fenômeno La Niña nos próximos meses.

O atraso do plantio da soja pode significar uma colheita menor e também a demora para o produto da nova safra chegar ao mercado, com possíveis reflexos negativos sobre as exportações. Além disso, a situação poderá provocar consequências para a segunda safra de milho, com a redução da área plantada com essa cultura.

As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Cerrados.

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