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Atraso tecnológico: Perdas acima de US$ 1 bi

Ferrugem asiática segue ameaçando produtividade e renda em MT


Sem novos químicos, a ferrugem asiática segue ameaçando produtividade e renda em Mato Grosso

Mato-grossenses e brasileiros já poderiam estar há alguns anos colhendo médias de 60 sacas de soja por hectare (ha). Mas o avanço esbarra na ferrugem asiática, doença fúngica que há mais de dez safras mudou a rotina e reduziu os lucros da atividade em todo país. A nova safra, 2013/14, tem estimativa de perdas acima de US$ 1 bilhão no Estado somente em decorrência da doença.


Como frisa o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira, o ganho em produtividade não é realidade ainda “porque a ferrugem segue travando este avanço. Ela reduz a produtividade e tira renda, vai sobre o lucro cessante”, adverte.

RISCO

Como destaca, a produção agrícola brasileira encontra-se sob grande risco em virtude de novas pragas e das velhas doenças. E por isso, os produtores entrarão em uma safra de muitas incertezas já que os produtos específicos ao controle da doença têm tido pouca eficiência de controle. “Novos produtos que poderiam diminuir as aplicações e aumentar a eficiência de controle, mesmo após anos de espera do registro, não são liberados. E com isso o Brasil patina e não amplia os números da sojicultora com ganhos em produtividade. Os recordes são fruto da expansão de área”, avalia Silveira. Há mais de uma década se colhem cerca de 3 mil quilos, ou o equivalente a 50 sacas/ha, completa.

Silveira atesta ainda que se for considerado um custo de produção em torno de R$ 2 mil – em Mato Grosso a estimativa mais recente é de R$ 2,43 mil - e imaginar um preço de soja a US$ 18, há um custo de produção de 44 sacas. “Isso sem a aplicação a mais da ferrugem. Cada aplicação a mais é um saco a mais e na maior parte das vezes são cinco, seis aplicações para uma média de 50 sacas/ha”.

Contra a ferrugem se usam atualmente os triazóis e estriburina. Os triazóis estão patinando, como adverte. A eficiência deles já caiu para 70%. A cada safra cai e da safra anterior para a 2012/13 foi a 70% de eficácia e na safra 2013/14 pode ser que chegue a 50%. “Para que a ferrugem fosse combatida eficazmente na safra 2013/14, era imprescindível que tecnologias mais modernas, a exemplo das carboxamidas na fila de registro com prioridade, estivessem sendo comercializadas. O uso de um grupo químico novo permitiria que os grupos anteriores não fossem usados sucessivamente. Com isso, em duas ou três safras eles voltariam a ter eficácia de outrora”.


PERDA CRESCE

Nas safras 2011/12 e 2012/13 a perda de produtividade saltou na média de dois para cinco sacas/ha, em Mato Grosso. Mesmo com o aumento médio de uma aplicação de fungicida nessa safra por hectare, a um custo adicional de US$ 180 milhões aos produtores do Estado, o impacto na produtividade foi grande. Em soja de ciclo mais tardio as perdas chegaram a 15 sacas/ha, representando redução de 30% da produtividade média do Estado.

“O que nos preocupa muito é o fato de a doença estar ficando mais severa a cada ano e os prejuízos estarem aumentando. A Aprosoja/MT já estima que com a não liberação de novos grupos químicos as perdas podem ser de no mínimo 5 sacas/ha nesta nova safra. Isso equivale a um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão, sendo que o Estado deixaria de colher 2,5 milhões de toneladas de soja. Isso é soja suficiente para a ração de 1,2 bilhão de frangos”, argumenta. “Insisto, nosso cenário é um dilema: preços baixos e pragas em alta e o governo federal não faz nada. A Anvisa não libera, ninguém libera nada”.

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