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Aumentam exportações brasileiras de fumo


Favorecido pela redução da oferta de seus concorrentes diretos no mercado internacional - EUA e Zimbábue -, o Brasil vem aumentando ano após ano sua liderança nas exportações mundiais de fumo.

A fatia do país nos embarques totais, que era de 15% em 1998, chegou a 21% no ano passado e só não crescerá mais em 2003 devido ao excesso de chuva no fim do período de desenvolvimento e no início da colheita das lavouras na região Sul, que reduziu a safra nacional em 8% em relação a 2002.

Mesmo as campanhas de restrição ao fumo, cada vez mais aguerridas em vários países, não estão reduzindo a demanda global, o que ajuda a impulsionar as vendas. O próprio Brasil, onde o consumo per capita vem caindo, deve ser uma das primeiras nações a assinar a Convenção Internacional contra o Tabaco da Organização Mundial da Saúde (OMS), que proíbe publicidade e promoção de cigarros, exige planos para reduzir o tabagismo e cobra medidas de combate ao contrabando.

Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a demanda mundial subiu 1,8% de 1998 a 2002, para 6,473 milhões de toneladas, enquanto a produção global recuou 4%, para 5,688 milhões de toneladas. Resultado: no mesmo período, os estoques mundiais despencaram 35%, para 5,042 milhões de toneladas, e ajudaram a reverter a queda do preço médio internacional do fumo.

De 1998 até 2002, a cotação do tipo Virgínia, o mais comercializado, havia caído de US$ 3,13 para US$ 2,10, segundo o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Heinsi Gralow. Neste ano, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias do Fumo (Sindifumo), Cláudio Henn, o preço já reagiu para US$ 2,42 e em 2004 deve se recuperar mais.

A safra brasileira deste ano atingiu 600 mil toneladas brutas, o equivalente a 528 mil toneladas de fumo curado, que renderam perto de R$ 2,5 bilhões para 170 mil famílias de produtores nos três Estados do Sul, a maior parte (52%) no Rio Grande do Sul.

Segundo Henn, a exportação deve absorver 440 mil toneladas de produto curado, uma queda também de 8% sobre 2002, mas o aumento dos preços internacionais deve permitir que a receita com os embarques mantenha-se praticamente igual à do ano passado - US$ 1,07 bilhão.

Para a próxima safra, as previsões são otimistas. Com a valorização das cotações, a área plantada no Brasil deve subir de 354 mil para 400 mil hectares, conforme Gralow. Se o clima não atrapalhar, a produção pode bater em 750 mil toneladas e as exportações, em 500 mil. Para o Sindifumo, a receita, assim, superaria US$ 1,2 bilhão.

As exportações também vêm motivando investimentos. A Universal Leaf Tabacos, maior exportadora de fumo no país, deve acumular R$ 709 milhões em projetos de expansão num período de cinco anos que se encerrará em 2004. Do total, R$ 218 milhões destinam-se às unidades de beneficiamento de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul.

Juntas, as plantas passarão de 55 toneladas por hora de capacidade de processamento para 94, o que equivale a cerca de 47 mil toneladas mensais. O restante destina-se à assistência técnica e ao financiamento a seus 48 mil produtores integrados.

'O Brasil é o principal fornecedor de fumo Virgínia 'full flavor' [que dá o sabor ao cigarro e não serve só de enchimento], e pelo melhor preço ' , diz Robert Jones, presidente da Universal no país. O custo do produto brasileiro é 40% menor que nos EUA, o que contribui para a queda da safra americana, que passou de 604 mil toneladas em 1998 para 372,4 mil em 2002. No período, os embarques do país caíram 26,5%, para 163 mil toneladas, segundo o USDA.

No Zimbábue, a instabilidade política dos últimos anos, marcada por uma reforma agrária violenta, cortou a safra de quase 200 mil toneladas em 1998 para 172,1 mil em 2002 e não mais que 70 mil este ano, segundo estimativas. A China, maior produtora mundial (2 milhões de toneladas/ano), consome toda a sua safra e importa.

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