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Aumento da demanda eleva margens das indústrias de café


O aumento do consumo de café durante o inverno, estimado em 20%, deve colaborar para que as torrefadoras elevem em 10% os preços do produto. Isso porque a forte alta dos preços do café verde ocorrido no segundo semestre do ano passado não foi integralmente repassada às industrias e ao varejo. "Ainda restam 10%. O repasse de preços é difícil e está ocorrendo de maneira gradual", diz Nathan Herszkcwicz, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

Somente no segundo semestre de 2002 a saca de café verde acumulou ganhos de 100%. No mesmo período os preços do café torrado e moído cresceram 45%. A intensa concorrência no mercado interno, que ao longo dos últimos cinco anos foi alvo de investimentos de grandes grupos multinacionais, pressiona as cotações ao consumidor final. Além disso, o alto poder de compra do supermercado, importante comprador de café no Brasil, contribui para pressionar os preços. A redução das vendas de café entre janeiro e maio inibiu o avanço das cotações na industria e no varejo.

Novos produtos

Para aproveitar o incremento de consumo, que historicamente ocorre durante o inverno, algumas torrefadoras, a exemplo da Sara Lee, Melitta e Doutor Coffee estão colocando novos produtos no mercado. "A saída para algumas industrias é agregar valor à produção", diz o executivo. Por este motivo, os lançamentos, não raro, se referem à produtos considerados "gourmet", ou seja, cafés de alta qualidade compostos em sua totalidade de grãos arábicas; e café "superior", com 90% de grãos arábicas.

A Café do Ponto, uma das empresas do Grupo Sara Lee, por exemplo, lançou recentemente o Café do Ponto Aralto, enquanto a Melitta oferece uma nova versão de café tipo "superior". "Com a pressão sobre os produtos tradicionais, a indústrias estão apostando no aumento das vendas de cafés gourmet, que se referem à apenas 2,5% do consumo brasileiro e 4% do consumo do estado de São Paulo", afirma Nathan Herszkcwicz.

Parcerias no campo

Acreditando no potencial deste segmento, cujas taxas de crescimento são de 20% ao ano, a companhia Doutor Coffee, que pertence ao Grupo Sumatra, implantou um projeto de parceria com produtores independentes de cafés de alta qualidade. "Oferecemos um prêmio para o produtor e comercializamos seu produto com ágio que oscila de 20% a 60% sobre os preços praticados no mercado", diz Reginaldo Soler Votta Junior, diretor superintendente da Doutor Coffee, que produzirá entre 30 e 40 mil sacas de café esta safra. "Nossa meta é chegar em 100 mil sacas", diz o executivo.

Com a finalidade de divulgar os cafés gourmets, foi lançada ontem em São Paulo a quarta edição da campanha "Sabor da Colheita". A proposta do evento é fazer com que frequentadores de restaurantes de São Paulo conheçam as qualidades de um bom café e saibam reconhecer suas características, como aroma, sabor e corpo.

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