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Aumento da safra de soja sul americana pressiona preços internacionais


Apesar dos problemas com o atraso no plantio em várias partes do Brasil, o regular índice de chuvas a partir de dezembro vem trazendo boas perspectivas para a safra brasileira de soja neste ano. O aumento de cerca de 10% no plantio e as produtividades esperadas tendendo a se manterem pelo menos nos mesmos níveis do ano passado, devem proporcionar uma oferta interna entre 47,8 a 49,0 milhões ton de soja.

Este volume seria pelo menos 15% superior ao ano passado, quando foram produzidas no Brasil cerca de 42,0 milhões ton do grão. As primeiras informações das áreas produtoras indicam que os níveis médios de produtividade no País devem ficar acima de 2.600 kg/ha, com uma menor variação no Centro-Oeste, especialmente no Mato Grosso e em Goiás, onde a falta de chuvas no início do desenvolvimento de algumas áreas prejudicou o potencial produtivo das plantas, sendo que em outras houve realmente a necessidade de replantio.

Acredita-se que mais de 30% da safra brasileira 2002/03 tenha sido comercializada antecipadamente com as indústrias ainda no ano passado. Este índice pode tranqüilamente ter superado 40% em Estados como Goiás e Mato Grosso e cerca de 20% em média no Paraná e Rio Grande do Sul. O bom índice de vendas antecipadas sem dúvida será importante para que o volume recorde da safra brasileira não pressione em demasia os preços no pico da colheita, a partir do mês de março.

Em média, nas regiões de colheita mais precoce, o percentual colhido deve ter ultrapassado 5% no Paraná e cerca de 10% em Goiás e Mato Grosso. Nas demais regiões, como no Rio Grande do Sul, o início dos trabalhos em algumas áreas deve iniciar a partir do final deste mês de fevereiro. A partir então do mês de março, acreditamos que um acentuado volume de ofertas de soja deverá ser ofertado no mercado, quando teremos já um indicativo do patamar de preços para o período de safra.

Na Argentina, a produção de soja pode crescer de 30,0 para 33,5 milhões ton neste ano. No Paraguai, a oferta pode subir de 3,1 para algo entre 3,7 a 4,2 milhões ton nesta safra 2002/03. As condições climáticas para o desenvolvimento das lavouras nestes dois países também são muito boas e favoráveis.

Assim, a safra sul americana deverá ser neste ano mais de 10 milhões ton superior a produção dos Estados Unidos e tem conseqüentemente neste momento um peso maior nas oscilações do mercado internacional na Bolsa de Chicago.

O aumento na produção sul americana deve manter os estoques mundiais de soja acima de 30 milhões ton nesta safra 2002/03, como reflexo de uma relação de oferta/demanda ainda muito ajustada em termos mundiais. Basicamente, há duas variáveis apenas que estão anulando um impacto maior do aumento da safra sul americana sobre os preços internacionais. A primeira foi a redução em mais de 4 milhões ton na safra americana colhida no final do ano passado. E a segunda variável, é a perspectiva de que o incremento no consumo em torno de 2,4 milhões ton de soja em grão na China, proporcionará com que este país importe cerca de 14,50 milhões ton nesta safra, um aumento de quase 40% em relação à safra anterior.

Por isso, qualquer notícia que indique um menor nível nas compras externas por parte da China ou mesmo um recuo nas exportações americanas para este país, pode refletir imediatamente em queda dos preços internacionais, visto que é cada vez menos provável uma quebra de safra no Brasil e na Argentina. Para se ter uma idéia da importância do país asiático aos preços internacionais neste ano, basta dizer que mais de 80% do aumento das importações mundiais de soja em grão nesta safra é relativo à China.

Mesmo com as boas compras por parte da China, o aumento da safra sul-americana deixa uma certa preocupação no mercado. Atualmente, a demanda mundial de soja é superior em apenas 1,0 milhão ton à respectiva oferta do grão. Com os atuais níveis de estoques, um novo incremento na produção sul-americana em 2003/04 somente não seria um fator maior de pressão negativa sobre os preços internacionais caso houvesse uma nova redução na safra dos EUA neste ano ou um significativo aumento na demanda mundial (o que ainda é pouco provável).

Basicamente por estes motivos é que desde o mês de agosto/2002 o mercado internacional vem operando em ritmo de estagnação e sem direcionamento definido. Os preços em Chicago praticamente não se alteraram nos últimos 06 meses. Desde então, os únicos fatores que movimentaram o mercado brasileiro foram a entressafra e a instabilidade cambial.

Levando em consideração os fechamentos da Bolsa de Chicago para os contratos com vencimento em março e maio, a SoloBrazil projeta preços para os Estados do Paraná, São Paulo, Goiás e Mato Grosso, em média a US$ 9,65/sc, cerca de R$ 34,60/sc ao dólar atual. Neste mesmo período, os produtores de soja do PR poderão estar recebendo em média US$ 10,00/sc, SP (US$ 10,00/sc), GO (US$ 9,50/sc) e MT (US$ 9,06/sc).

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