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Austrália entra na briga do algodão


O Brasil obteve mais um apoio ontem no questionamento aos subsídios concedidos pelos Estados Unidos aos seus produtores de algodão, que distorcem os mercados e derrubam os preços. A Austrália confirmou que vai participar como terceira parte na disputa na Organização Mundial de Comércio (OMC) aberta por Brasília contra os EUA. Será o nono membro da OMC a se envolver como parte interessada na disputa, ao lado da União Européia (15 países), Argentina, Paquistão, China, Taiwan, Canadá e Venezuela.

Os chamados "barões do algodão" no Texas e no Alabama embolsam gigantescos subsídios, que lhes permitem vender seu produto no mercado internacional abaixo do custo e expulsar produtores mais eficientes do comércio externo. No total, são quase 4 US$ bilhões de subsídios dados pelo governo norte-americano aos seus produtores de algodão, que provocam prejuízos generalizados para países em desenvolvimento tanto no ganho de exportações como no valor da produção interna.

A Índia estima que perde US$ 1,3 bilhão; a Argentina, US$ 1 bilhão; o Brasil reclama de prejuízos de US$ 640 milhões; a África perde US$ 300 milhões; e os australianos dizem que deixam de faturar cerca de US$ 111 milhões por ano. A Oxfam, respeitada ONG britânica, calcula que se a denúncia do Brasil for bem-sucedida na OMC pela derrubada dos subsídios, haverá um aumento de 25% no preço internacional do algodão. A pressão contra os subsídios ao algodão aumenta. Na semana passada, Benin, Mali, Burkina Faso e Chade propuseram em Genebra em nome dos países da África Central e Ocidental que os membros da OMC removam subsídios ao algodão na conferência ministerial de Cancun, em setembro.

Eles pedem também compensação para os países pobres enquanto os subsídios não forem eliminados, já que sua manutenção arruína de vez milhões de agricultores africanos mais eficientes do que os de nações industrializadas. Segundo Oxfam, os EUA pagam três vezes mais em subsídios a seus produtores do que a ajuda que fornece a 500 milhões de pessoas vivendo na África. Como exemplo, cita que só uma fazenda, a US Tyler, no Arkansas, que controla mais de 40 mil acres (16 mil hectares), recebeu US$ 6 milhões, mais que a renda de 25 mil agricultores do Mali.

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