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Avanço em tecnologia; não em área

Em 12 anos, pecuaristas do MT conseguiram aumentar em 39% a produtividade por hectare


Deixar para trás o estigma de atividade primitiva foi um desafio que chegou aos pastos mato-grossenses junto com a necessidade de aliar altas metas de produção à sustentabilidade ambiental. Em 12 anos os pecuaristas do Estado conseguiram aumentar em 39% a produtividade por hectare, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). A conquista pode representar o início de uma revolução nos currais.


O esforço desencadeado em Mato Grosso para aumentar a produtividade no pasto é também uma tendência nacional. Um estudo recente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aponta que a evolução na produção evitou o desmatamento em uma área de 420 milhões de hectares na região da Amazônia nos últimos 20 anos e que as novas áreas abertas só incrementaram a produção em 21%. A instituição federal comprovou que o crescimento do rebanho no país é devido ao aumento da produtividade em 79% desde 1950.

Enquanto em 1996 criava-se 0,72 unidade animal por hectare (UA), o índice saltou para 1,0 em 2008. Em pouco mais de uma década, a mesma pastagem passou a abrigar uma quantidade superior de bovinos. Isso permitiu que o rebanho estadual aumentasse em 66% no período, sem forçar a abertura de novas áreas na mesma proporção. O espaço físico ocupado por pastos no Estado cresceu apenas 18% entre os anos, de acordo com Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), que está finalizando um estudo com projeções de área preservada até 2010.

O rebanho bovino ganhou 10,29 milhões de cabeças, alcançando a marca de 25,86 milhões em 2008. Já as pastagens, que ocupavam 21,74 milhões de hectares, cresceram para 25,78 milhões. O ganho em produtividade, que evita o desmatamento, é uma tendência já consolidada na agricultura e agora se firma também como caminho irreversível para a sobrevivência e expansão da pecuária de produção em larga escala.

“Ainda que o avanço da taxa de lotação dos pastos pareça pequeno, esse ganho em produtividade representa uma grande evolução”, aponta o analista de Conjuntura do Imea, Daniel Latorraca.

Mais do que uma iniciativa individual, o setor da agropecuária enxergou na modernização dos pastos a solução para um problema coletivo do segmento: atender à demanda do mercado mundial sem intensificar a devastação da floresta amazônica. O melhoramento genético do rebanho se mostrou uma ferramenta eficaz no processo de adoção de tecnologia.


“A inseminação artificial permite a escolha dos melhores touros para a reprodução nas matrizes. Animais de qualidade precisam de pouca alimentação para engorda em menor espaço de tempo. A média de ganho de peso é crescente na pecuária. Isso é fruto da genética”, explica o zootecnista, Maurício Delai. Ele frisa que com a evolução dos genes, os animais chegam a ganhar diariamente até 300 gramas a mais do que há 10 anos.

A intensificação na adoção de técnicas de confinamento e semiconfinamento, o investimento em pastagens melhoradas, a alternância com a agricultura, o uso de suplementos e de sal mineral também fazem parte da ofensiva pela produtividade nos pastos. O acompanhamento sanitário dos animais, com o controle de doenças como a febre aftosa, tuberculose e brucelose, por meio da vacinação fiscalizada pelo Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) também tem influência determinante no processo.

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