CI

Baixo preço do leite ao produtor está atrelado à redução do consumo

Entre o final de 2016 e durante todo o ano de 2017, e ainda nos primeiros meses de 2018, houve uma redução substancial no preço pago ao produtor


Entre o final de 2016 e durante todo o ano de 2017, e ainda nos primeiros meses de 2018, houve uma redução substancial no preço pago ao produtor. Neste mesmo período, houve um aumento médio de 4,5% de produtividade por produtor no Brasil e uma redução de 4% no consumo de todos os produtos lácteos. E esta diminuição resultou numa sobra de 10% de leite, o que refletiu diretamente no preço pago ao produtor. A principal redução foi no leite UHT, iogurtes e leite em pó, com aumento de 2% somente no consumo na manteiga. 'Esta sobra de leite puxou o preço para baixo, pois ninguém colocou o produto fora', salientou Darlan Palharini, representante do Sindicato das Indústrias do Leite do Rio Grande do Sul (Sindilat), durante o 18º Encontro do Grupo de Leite de Venâncio Aires, realizado na quinta-feira, 26, pela manhã, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR). Na ocasião, ele abordou o tema ´Mercado futuro do leite`.

Em agosto e setembro de 2016, o preço pago ao produtor atingiu o pico máximo chegando a R$ 1,596. Em dezembro do mesmo ano e durante o ano de 2017, houve uma acentuada redução e não foi superior a R$ 1 e em 2018, está em torno de R$ 1,002. 'O mercado já começa a dar notícias da redução no consumo de leite UHT e do leite em pó a partir de maio de 2018', alertou Palharini. Segundo ele, um dos fatores é o alto número de desempregados no Brasil, que deixam de consumir leite. Aclasse econômica que mais consome estes produtos são a B, C, D e E e são justamente as mais afetadas com a questão do desemprego. 'Como não há um canal de exportação e não temos outras alternativas, somos muito dependentes do mercado interno, que hoje está freado.'

Palharini frisou que a economia brasileira está em recuperação, porém, muito lenta. A expectativa do setor de lácteos do estado é que 2018 seja melhor que 2017, mas ele acredita que a recuperação maior deverá ocorrer nos próximos anos. A interrogação é se a recuperação da economia vai influenciar no aumento do consumo e, na atividade leiteira, fechar as contas está complicado. 'Se tivermos vacas leiteiras que produzem no mínimo 20 litros por dia, a contra noa fecha e praticamente é quase impossível o produtor não ter prejuízo. O leite não pode somente depender do mercado interno brasileiro. Precisamos ter alternativas para o escoamento da produção', referiu.

Para tanto, o Sindilat buscou o apoio do governo brasileiro, que já acenou que não tem como ajudar por falta de recursos. 'O principal instrumento que precisamos agora é o programa de escoamento da produção, caso contrário, o País vai se afogar no leite. É urgente e necessário que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reajuste o preço do leite em pó.'

Novos mercados

Palharini referiu ainda que o Sindilat tem se empenhado muito na busca de novos mercados de comercialização e que o setor depende muito de compra governamental ou do mercado interno. Entre as dificuldades enfrentadas pelo setor, ele aponta que o Rio Grande do Sul consome somente 40% do total que produz e o restante é exportado para outros estados brasileiros, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro. O Rio Grande do Sul é hoje o estado maior produtor de leite do Brasil, envolvendo 65 mil produtores. Aumento de produtores soma 25%, o aumento de produtividade soma 7% por produtor e o setor contabilizou uma redução de 22% de produtores no último ano.

'Nunca o setor enfrentou uma redução tão acentuada no consumo como nos últimos anos.'
DARLAN PALHARINI, representante do Sindilat.

Dados sobre o leite

34.997 milhões de litros foi a produção anual de leite do Brasil em 2017.

1,7 mil litros é a produtividade média de produção por vaca ano no Brasil.

3.157 litros é a produção média por vaca ano no Rio Grande do Sul.

178 litros é o consumo por pessoa ano de leite no Brasil.

205 milhões é o total de liros de leite produzidos em 2017 no estado.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.