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Balde Cheio evita migração de atividade

O planejamento e a melhor gestão das propriedades têm sido fundamentais para que os produtores de leite que participam do Programa Balde Cheio.


O planejamento e a melhor gestão das propriedades têm sido fundamentais para que os produtores de leite que participam do Programa Balde Cheio tenham melhor eficiência e enfrentem o período de custos elevados sofrendo menos impactos negativos.  A adesão a esse programa torna-se importante alternativa em momentos de altos custos e prejuízos, como o enfrentado atualmente pelos produtores.
 
Com o melhor uso dos recursos disponíveis e o acesso mensal à assistência técnica, os custos de produção são menores e a produtividade maior, o que gera renda e permite investimentos na melhoria da produção. Deste modo, ficam menores as chances de o produtor de leite migrar para outras atividades.
 
Os resultados foram apresentados durante o 3º Encontro Mineiro do Balde Cheio, realizado ontem, na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte. O evento reuniu cerca de 2,5 mil pessoas, entre produtores, técnicos, coordenadores e parceiros do projeto.
 
De acordo com o presidente da FAEMG, Roberto Simões, o Programa de Desenvolvimento Integrado da Pecuária Leiteira (Balde Cheio), que este ano completa 10 anos, tem proporcionado bons resultados no Estado e contribuído para a melhoria de renda das famílias.
 
“O Balde Cheio é um dos programas mais importantes dos últimos tempos. É um projeto simples que não obriga o produtor a fazer grandes investimentos e, sim, um rearranjo dos próprios fatores de produção que ele tem. É uma forma de aplicar a tecnologia de forma simples e tornar a produção de leite altamente eficiente, uma vez que as ações contribuem para o aumento da produtividade, da qualidade do leite e da renda das famílias envolvidas na produção.” explicou.
 
Criado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e gerido, em Minas Gerais, pela Faemg, o Balde Cheio está presente em 320 municípios do Estado. Por ano, mais de 2,5 mil produtores recebem assistência técnica contínua. A cada seis meses, os 280 técnicos especializados na produção leiteira são capacitados.
 
O resultado é a melhoria da eficiência e da gestão, o que garante ao produtor condições de enfrentar os gargalos da atividade, como a elevação dos custos de produção e as variações dos preços pagos pelo leite.
 
De acordo com o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e diretor da Faemg, Rodrigo Alvim, os pecuaristas que têm acesso à assistência técnica conseguem aprimorar a atividade, reduzir os custos e disponibilizar um leite mais competitivo no mercado.
 
“O custo de produção dos pecuaristas que têm acesso à assistência técnica é menor, porque eles produzem leite a pasto, com piquetes rotacionados e pastagem de qualidade, o que eleva a produtividade e reduz os gastos. Esta é a função do Balde Cheio. Hoje, o pecuarista assistido pelo programa tem um custo menor, girando em torno de R$ 1,20 a R$ 1,30 por litro de leite, dependendo da região. No sistema convencional, este valor sobe para R$ 1,40 a R$ 1,50 e, com isso, a rentabilidade é menor’, explicou Alvim.
 
Ganhos de produtividade e renda
 
O aumento da eficiência e dos ganhos financeiros tem estimulado os pecuaristas a investirem na atividade. O produtor atendido pelo Balde Cheio e destaque da Regional Alto Paranaíba e Noroeste, Reinaldo José Barcelos, aderiu ao projeto em 2011, quando possuía um rebanho de 60 vacas produzindo 360 litros de leite ao dia. A renda mensal da família passou de R$ 5,4 mil para R$ 8,6 mil.
 
Após abandonar atividade carvoeira e investir em uma propriedade leiteira, a falta de conhecimento sobre a atividade fez com que Barcelos ingressasse no Balde Cheio. Os resultados foram observados a partir das primeiras orientações implantadas.
 
“Começamos a produção com 60 vacas e produção diária de 360 litros de leite. Somente com a revisão do manejo do rebanho, proposto pelo técnico do Balde Cheio, em 15 dias, foi possível ampliar a produção para 700 litros de leite ao dia. Hoje estamos com uma produção de 1,6 mil litros ao leite com 90 animais em produção. Além da alimentação, investimos na irrigação dos pastos e do milho utilizado para alimentar os animais. Com o aumento na produção, conseguimos os ganhos e investir”, explicou Barcelos.
 
Outra estratégia proveniente do Balde Cheio, o planejamento, também tem permitido enfrentar o aumento dos custos da produção, principalmente a elevação dos preços da soja e do milho, de forma eficiente.
 
“Planejamos com antecedência de dois anos como vamos iniciar a safra, sabendo com quantos animais vamos trabalhar, a produtividade esperada, a quantidade de alimento necessário, entre outros pontos essenciais. Em período de custo alto, por estarmos preparados, não enfrentamos problemas com a oferta de alimento para o gado”, disse Barcelos.
 
Destaque da Regional Sul e Centro-Oeste, o produtor André dos Reis da Silva, do município de Paraguaçu, no Sul de Minas, está mais otimista em relação à produção de leite após a participação no Balde Cheio. A remuneração baixa proporcionada pela atividade fez com que Silva investisse no café. Porém, após implantar as ações propostas pelo técnico, a atividade cresceu e torno rentável.
 
“Como o leite não trazia renda, investimos no café. Com a oportunidade de ingressar no Balde Cheio resolvemos testar e os resultados foram positivos. Aumentamos a produtividade do rebanho passando de 60 litros ao dia para 370 litros ao dia, utilizando o mesmo número de animais e espaço. Atividade se tornou lucrativa e estamos investindo na alimentação do rebanho, na genética e nas estruturas”, disse Silva.

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