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Batata e tomate reduzem o custo da cesta básica em MG

Mesmo assim, a capital mineira ainda tem a quarta cesta mais alta do país


O custo da cesta básica, em 2006, caiu em 13 das 16 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em Belo Horizonte (MG), a queda foi de 3,05% em dezembro, na comparação com o mesmo mês de 2005, puxada pelos recuos na batata (-58,65%), tomate (-29,79%) e feijão (-3,28%). Mesmo assim, a capital mineira ainda tem a quarta cesta mais alta do país, somando R$ 171,49. Fica atrás apenas da apuração em Porto Alegre, que lidera o ranking pelo terceiro ano consecutivo (R$ 186,23), São Paulo (R$ 182,05) e Brasília, onde o conjunto de gêneros alimentícios essenciais atingiu o valor de R$ 171,85. Natal, Goiânia e Belém andaram na contramão das outras cidades, com altas de 3,53%, 2,23% e 0,25%, respectivamente.

Na outra ponta, Recife apresentou a cesta mais barata de 2006, com valor médio de R$ 132,14, enquanto João Pessoa registrou a maior variação negativa. Na capital paraibana, a cesta básica caiu 7,41% no ano. A predominância das retrações no valor da "ração essencial" permitiu, de acordo com o economista do escritório regional do Dieese, em Minas, Carlindo Rodrigues de Oliveira, a queda no tempo de trabalho necessário para que aqueles que ganham salário mínimo adquirissem itens fundamentais para a alimentação. "Na média das 16 capitais, a jornada exigida foi de 98 horas e 12 minutos, contra 117 horas e 29 minutos, em 2005. Em Belo Horizonte, o número passou de 129 horas e 43 minutos para 107 horas e 48 minutos, uma redução significativa", comenta.

Rodrigues ressalta ainda que, apesar do recuo no valor da cesta básica em BH, a maioria dos produtos que a compõem - 8 dos 13 - apresentou aumento de preços, a exemplo do comportamento nacional. "A diferença é que neste ano a tendência altista não superou a forte retração de alguns itens, como a batata e o tomate, que são muito sensíveis a variações climáticas e, por isso, oscilam muito. Em 2006, se mantiveram em baixa. Também os aumentos foram mais moderados que em 2005", observa, lembrando que, no ano passado, o custo da cesta nas capitais pesquisadas variou entre 0,15% e 16,16%. Os outros artigos com queda na capital mineira foram o feijão, café (-2,26%) e manteiga (-2,62%).

Já alguns itens apresentaram altas mais expressivas, como o arroz, com aumento de 27,05%, o óleo de soja (28,90%) e o açúcar (20,74%). Esses dois últimos, em função de reajustes de preços internacionais, e o primeiro, devido à redução na oferta. "Esses produtos se destacaram não apenas pelo acréscimo apresentado em Belo Horizonte, mas por terem aumentado em todas as 16 capitais", informa Carlindo. Além disso, quatorze cidades apresentaram acréscimo no custo da carne, e BH registrou uma das maiores taxas (5,79%). "Mas de uma maneira geral, o comportamento da cesta em 2006 foi favorável, não só pela queda do conjunto, como pelo aumento real do salário mínimo, que gera uma situação mais favorável para o consumidor", pondera Carlindo Rodrigues. A cesta básica pesquisada mensalmente pelo Dieese é composta por treze produtos, em quantidades estabelecidas pelo Decreto-Lei 399/38.

Chuva eleva hortifrutis e pressiona IPC-S

Janeiro começa com alta na inflação de Belo Horizonte. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-BH) registrou variação de 0,56%, na primeira semana do ano, na comparação com a quarta de dezembro, conforme apuração da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A chuva foi o principal vilão, provocando prejuízos no campo e, conseqüentemente, acréscimo no preço das hortaliças e legumes (6,93%) e das frutas (10,56%). Principalmente por essa influência, o grupo Alimentação passou de uma alta de 0,83%, na última semana de 2005, para 1,97%. O Vestuário também não ficou muito atrás, com acréscimo de 1,27%, reflexo da temporada de férias de verão. O IPC-BH, no entanto, ainda se manteve abaixo da média nacional, que ficou em 0,86%.

De acordo com a supervisora do IPC-BH, França Maria de Araújo, os reajustes não são surpresas e ainda devem continuar até o final do mês. "Houve aceleração nas sete capitais pesquisas pela Fundação (além de BH, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Recife e Salvador), e isso não é motivo para preocupação. É normal para esse período, principalmente na alimentação", destaca. Ela lembra que o indicador de Belo Horizonte ainda irá captar, em janeiro, as variações no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), reajuste de táxi e escolar, além de mensalidades escolares, que já aparecem na primeira semana, porém terão um impacto ainda maior, segundo França.

Por enquanto, pela última pesquisa, a mensalidade pré-escolar já registra alta de 1,91%, enquanto o ensino fundamental variou 1,74%. Porém as maiores altas individuais - levando-se em conta também o peso de cada produto no orçamento - apresentadas no IPC-BH foram do mamão papaya (34,49%), tarifa de ônibus urbano (2,35%), cenoura (32,09%), banana prata (24,69%) e plano e seguro de saúde (0,71%). Em contraposição, influenciaram negativamente a inflação do período as tarifas de passagem aérea, com recuo de 14,28% em função de promoções oferecidas pelas companhias, o seguro facultativo para veículo (-4,72%), limão (-54,43%), queijo minas (-4,83%) e o queijo mussarela (-8,12%).

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