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Bayer e Monsanto mantêm plano com transgênicos no País

A Monsanto, que está à espera de mais uma aprovação, também não deve recuar em seus investimentos locais


Com a liberação comercial do milho MON 810 pela Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio), a Monsanto analisa a viabilidade de oferecer ao mercado brasileiro os primeiros híbridos com essa tecnologia ainda em 2008. A Bayer CropScience, por sua vez, está confiante quanto à aprovação do algodão transgênico Liberty Link Evento LL Cotton 25, e espera obter, no Brasil, o retorno dos US$ 20 milhões investidos na criação e desenvolvimento dessa semente.

"O Brasil é muito importante do ponto de vista agrícola e vamos manter os investimentos no País no médio e longo prazo. Mesmo que seja necessário ter paciência quanto a um marco regulatório, o Brasil continua sendo um dos nossos principais mercados", afirma o gerente de tecnologia da Bayer, André Abreu.

A Monsanto, que está à espera de mais uma aprovação, também não deve recuar em seus investimentos locais. "A empresa está cada vez mais empenhada em atender a demanda dos agricultores brasileiros por tecnologias que combinem benefícios", afirma o gerente de biotecnologia e sementes da Monsanto no Brasil, Geraldo Berger.

A americana Dow AgroSciences, que acaba de anunciar a compra da divisão de sementes de milho da Agromen, a maior do segmento no Brasil, também busca atender todas as instruções normativas para se consolidar no segmento de algodão. "Para pedir o registro comercial à CTNBio a Dow realizou pesquisas em diversas regiões do Brasil", garante o executivo da companhia, William José da Silva.

Uma audiência pública realizada na última sexta-feira promoveu um debate entre cientistas e entidades sobre a liberação comercial de novas variedades de algodão transgênico. "Além de a ciência assegurar os benefícios desse algodão o produtor rural tem o direito de escolher qual semente ele quer usar", opina a diretora executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Alda Lerayer.

Já o professor de agroecologia da Unicamp, Mohamed Habib, alerta para o fato de que a transgenia elevou o custo de produção. "As empresas patenteadas vendem pacotes de agrotóxicos cada vez maiores", diz. Um estudo feito por Habib mostra ainda que em 2003 as quatro maiores empresas que controlam a produção de transgênicos faturaram US$ 26,8 bilhões com a venda de agrotóxicos e somente US$ 2,8 bilhões com a venda de sementes.

Representantes do Ministério Público Federal também se mostraram contrários à liberação e questionaram a legitimidade da CTNBio. "Em 12 anos de Comissão ainda não houve a edição de normas para a liberação comercial e não revisou na sua totalidade suas instruções normativas. A CTNBio não se articula com os órgãos de fiscalização", criticou a representante do Ministério Público Fedral, Maria Soares Cordiolli.

Mesmo com o impasse diante das questões legais o Brasil atrai investimentos de produtores da Austrália, país que é o terceiro maior exportador mundial e concorrente direto do Brasil.

O agricultor Robert Newell arrendou 11,3 mil hectares no oeste da Bahia nos quais irá cultivar concomitantemente algodão convencional e transgênico. "O Brasil tem muitas vantagens como a água, o baixo preço da terra, o clima parecido com o australiano, além de ter uma boa produtividade", avalia Newell. Ele acrescenta que o avanço dos transgênicos é importante uma vez que o Brasil divide mercado com países subsidiados e que já estão à frente no que diz respeito à biotecnologia.

Os cotonicultores brasileiros também estão acompanhando de perto o avanço das discussões sobre os transgênicos e lotaram o auditório onde ocorreu a audiência pública sobre o algodão geneticamente modificado. A maioria deles partiu do norte de Minas Gerais, região que já chegou a produzir mais de 300 mil ha e hoje tem menos de 10 mil. De acordo com o prefeito do município de Catuti, José Barbosa, por meio da introdução do algodão transgênico os produtores locais poderão chegar a uma produtividade de 200 arrobas por hectare e a cada 200 ha eles prevêem a implementação de usinas de beneficiamento e, futuramente, até mesmo usinas de biodiesel através do aumento da renda com a pluma e o farelo. "A intenção é vender diretamente para a indústria, agregando valor e oferecendo o padrão de qualidade que a tecelagem exige", diz Barbosa. "Hoje já conseguimos vender a arroba de algodão transgênico para as beneficiadoras 30% mais cara que a convencional", reforça o produtor Adelino Martins.

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