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Bertin faz a primeira venda para a Rússia após fim do embargo

O primeiro lote equivalente a dez contêineres foi celebrado pelo frigorífico Bertin, de Lins (SP)


Toca o telefone. Do outro lado da linha é um trader de Moscou. Quem atende é o diretor comercial de um dos maiores frigoríficos do Brasil. O trader russo fala: "Como está seu fôlego para exportar agora a melhor carne brasileira?" Resposta instantânea: "Podemos atender a quantidade que o senhor precisar". Resposta do trader russo: "Então fecha 200 toneladas de carne para inaugurar a volta às exportações de carnes brasileiras que estamos liberados para importar", disse o trader.

Esse foi o início da conversa que marcou o reinício das exportações brasileiras de carnes para o mercado russo. O primeiro lote equivalente a dez contêineres foi celebrado pelo frigorífico Bertin, de Lins (SP). Os portos já foram acionados com comunicados internos autorizando o recebimento e a fiscalização dos lotes de carnes a serem embarcadas.

"As 200 toneladas não representam nada em termos de negócio, mas como é o retorno das exportações que estavam paralisadas desde setembro de 2004, é um grande passo", diz uma fonte de Mato Grosso que não quer ser identificada.

Ontem, após longa negociação, foi anunciado o fim do embargo à importação de carnes bovina e suína de seis estados brasileiros. A medida vale para o Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.

Em novembro do ano passado, a Rússia já havia liberado as importações de carnes de Santa Catarina por ser este o único estado brasileiro livre de aftosa sem vacinação.

No início de fevereiro, os russos liberaram a importação de carne de frango do Brasil, com exceção da produzida no Pará e Amazonas.

"A notícia é formidável porque esse problema afetava duramente as exportações de carnes de frango, suína e bovina e essas questões foram eliminadas" afirmou o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues. O ministro participou de evento em Rio Verde (GO).

O mercado ficou em polvorosa com a notícia do fim do embargo para mais seis estados brasileiros. As cotações do boi gordo na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) atingiram R$ 65,50 para o mês de outubro, em alta de quase 1% em relação ao pregão anterior.

Depois que o Bertin reinaugurou as vendas para a Rússia, a concorrência tornou-se acirrada. Minerva e Marfrig entraram nas negociações até o final da tarde de ontem.

Mais estados

O ministro disse que o fim do embargo beneficia os principais estados produtores de carnes do Brasil, mas que falta ainda resolver o problema do Mato Grosso e Tocantins. Por serem estados vizinhos ao Amazonas e Pará, onde ocorreram os últimos focos de febre aftosa no País, a Rússia ainda mantém a restrição.

"Estamos empenhados profundamente na solução desta questão", afirmou Rodrigues.

A missão brasileira que embarcou para a Rússia no dia primeiro de março, chefiada pelo secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Alves Maciel, tem uma reunião técnica com as autoridades russas hoje. Nesse encontro, o governo brasileiro vai discutir o fim do embargo para Mato Grosso e Tocantins.

O embargo russo às carnes brasileiras teve início em setembro de 2004, quando ocorreu um foco de febre aftosa no município de Carreiro do Várzea, no Amazonas.

A Rússia foi, em 2004, o maior mercado consumidor de carnes brasileiras. O país comprou US$ 867 milhões, o que representa 14% das exportações totais de carne do Brasil no ano passado. A maior parte das encomendas é de carne suína.

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