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Biocombustível eleva custo dos alimentos

Conforme a ONU, os custos mundiais de importação devem superar US$ 400 bi


A crescente demanda por biocombustíveis, como o álcool, deve fazer com que os custos mundiais de importação de alimentos atinjam recorde neste ano, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (Fao). Para o organismo da ONU, esses custos devem superar US$ 400 bilhões, com alta de cerca de 5% em relação ao ano passado.

No estudo "Previsão dos Alimentos", divulgado nessa quinta-feira (07-06), a FAO afirma que a alta nos preços dos cereais secundários, como o milho, e dos óleos vegetais -commodities que respondem por grande parte da produção de biocombustíveis- será o principal motivo para a expansão dos custos de importação. A estimativa é que esses dois grupos tenham aumento de até 13% nos custos de importação neste ano na comparação com o ano passado.

E serão os países em desenvolvimento os principais afetados pela alta nos custos. De acordo com o órgão das Nações Unidos, os gastos desses países com a importação de alimentos crescerão 9% em 2007 -superior, portanto, à media mundial, estimada em 5%.

"A cesta de alimentos importados para os países menos desenvolvidos deve custar, em 2007, aproximadamente 90% mais do que em 2000", diz Adam Prakash, economista da FAO. "É um contraste absoluto com o crescimento de 22% dos custos de importação dos países desenvolvidos nesse mesmo período".

O estudo da FAO, de certa forma, ecoa as declarações recentes do ditador cubano, Fidel Castro, e do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sobre biocombustíveis. Fidel escreveu, em cartas publicadas em abril e em maio, que a intenção do presidente dos EUA, George W. Bush, de elevar a produção mundial de álcool condena a população pobre do mundo a morrer de fome -"significa nada menos que a internacionalização do genocídio", disse, já que as lavouras seriam redirecionadas para a produção do combustível, e o preço dos alimentos subiria.

Um relatório de outro organismo da ONU, divulgado em maio, afirmava ver risco de competição entre as lavouras de alimentos usados na fabricação de biocombustíveis e a produção de comida.

Produção de cereais:

Segundo a FAO, a produção de cereais deve atingir 2,125 bilhões de toneladas neste ano, com expansão de 6% ante 2006, mas esse aumento será "mal-e-mal suficiente" para atingir a elevação na demanda. E, mais uma vez, o organismo afirma que a indústria do biocombustível -"de rápido crescimento"- será responsável pela maior procura por cereais.

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