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Bionematicida alcança quase 4 sacas a mais por hectare

Produto lançado no Brasil é aplicado na semente reduzindo as populações de nematoides


Foto: Divulgação

Os nematoides são um problema silencioso na soja e têm capacidade de afetar até toda a produção de uma lavoura. Os principais que atingem a cultura são os formadores de galhas (Meloidogyne spp.), de cisto (Heterodera glycines), o das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) e o reniforme (Rotylenculus reniformis). Além de causarem danos diretos às plantas de soja, as lesões causadas às raízes da planta são porta de entrada para outros parasitas causadores de doenças que também impactam na produtividade. 

O pesquisador e supervisor de tecnologia da Embrapa Cerrados e membro do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), Sérgio Abud, explica os diferentes níveis de produtividade que a soja pode atingir. A primeira é a chamada produtividade potencial que pode atingir até 200 sacas por hectare a depender de fatores como luminosidade, genética das cultivares, distribuição das plantas por hectares e a temperatura. A segunda é a produtividade atingível, que é limitada pela quantidade de água disponível para a planta no solo e que está em uma média de 150 sacas por hectare, volume já atingido pelos recordistas de produtividade do CESB. E o terceiro nível é a produtividade real de sequeiro, que é aquela atingida na média das lavouras brasileiras, com cerca de 60 sacas por hectare. “Existem muitos fatores que limitam a produtividade como pragas, doenças, plantas daninhas e nematoides e outros ainda que causam estresse na lavoura”, destaca Abud.

Uma das formas de assegurar a largada inicial potente é o tratamento de sementes. Nesta fase são colocados elementos que ajudam as plantas e raízes a darem o start de forma mais potente. “O tratamento de sementes age no controle inicial da pragas no solo, sendo a primeira fase de decisão do produtor”, enfatiza o gerente sênior de Tratamento de Sementes de Soluções para Agricultura da BASF, Luis Henrique Feijó.

Neste segmento também vem ganhando espaço os produtos de base biológica. A multinacional alemã em questão acaba de lançar o seu primeiro bionematicida, com foco no tratamento de semente para o controle de nematoides. O produto recebe o nome comercial Votivo Prime. Foram pelo menos dez anos de desenvolvimento e 413 áreas de teste comparativas em várias regiões do país na safra 2020/21 que mostraram desempenho de 3,8 sacas a mais por hectare onde o produto foi aplicado.

A solução já está disponível nesta safra e vem junto com a semente que já está disponível nos distribuidores. O bionematicida tem como base o Bacillus Firmus, que entra para desenvolver o sistema radicular e minimizar os estresses. “É colocado na semente e quando ela entra no solo e começam a se formar as primeiras folhas e o sistema radicular, as bactérias também se multiplicam pela liberação de fitohormônios indutores de enraizamento. Então elas começam a formar uma espécie de biofilme protetor nas raízes. Essas bactérias do bem mascaram a comunicação dos nematoides com a raiz e eles morrem. Além disso produzem substâncias que reduzem os ovos de nematoides”, esclarece Abud.

O produto é compatível com defensivos químicos e outros biológicos e também pode ser usado no sistema duas safras: na soja e no milho, reduzindo as populações de nematoides ao longos das safras. Também tem indicação para culturas como arroz e amendoim. “Com 25 dias de emergência da soja o produtor já observa a diferença entre áreas com ou sem o bionematicida”, acrescenta Feijó.
 

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