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Bolívia tem cerca de 50 mil t de soja disponíveis para venda

MAPA determinou requisitos para importação da soja boliviana


A Secretária de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou nessa terça-feira (2), no Diário Oficial da União, a Instrução Normativa nº 21, que determina os requisitos fitossanitários para importação de soja da Bolívia. Com a medida, o órgão atende uma reivindicação do governo sul-mato-grossense, que desde agosto pedia a autorização para a compra da oleaginosa no país vizinho, em razão dos elevados preços e estoques baixos no mercado local.

Na época, o governo do Estado pedia autorização para importar cerca de 300 mil toneladas do produto que seriam destinadas principalmente as indústrias que produzem óleo e farelo de soja. Segundo o consultor Carlos Ronaldo Dávalos, da Granos Corretora, em Campo Grande, há cerca de 60 dias, quando se começou a discutir essa possibilidade, a oferta de soja na Bolívia era de cerca de 200 mil toneladas e atualmente, em decorrência do mercado internacional aquecido, foi reduzida drasticamente para 50 mil toneladas.

Dávalos, que nesta terça-feira estava em Santa Cruz de La Sierra em busca de "oportunidades de negócios" que surgiram a partir da instrução normativa para a importação, explica que a soja disponível no mercado boliviano está nas mãos dos produtores rurais, que aguardam as movimentações do cenário internacional, ditado pelas cotações da Bolsa de Chicago, para negociarem o grão.

Mas se a oferta atual do grão é pequena no país vizinho, o consultor revela que o mercado sul-mato-grossense e o brasileiro está de olho também na produção da safra de inverno boliviana. "Lá eles fazem duas safras de soja. O grão que está disponível agora é da safra de verão, mas o do ciclo de inverno começa a ser colhido a partir do dia 15 [outubro]. São cerca de 280 mil hectares cultivados, que devem produzir em torno de 504 mil toneladas. Além disso, também tem a oportunidade de importar o farelo de soja, cujas regras para importação não são as mesmas do grão, porque o produto já está processado", explica.

Caminho da soja boliviana

Para ser exportada para Mato Grosso do Sul, Dávalos diz que a soja boliviana deverá sair de Santa Cruz de La Sierra e seguir via ferrovia ou rodovia até Ladário, onde será submetida a controle fitossanitário no porto alfandegado do município e depois de internalizada, encaminhada para os compradores. A instrução normativa da SDA determinada que a soja importada deverá estar livre de restos vegetais, impurezas e material de solo e ainda acompanhada de Certificado Fitossanitário emitido pela organização nacional de proteção fitossanitária do país exportador, no caso, da Bolívia, com a seguinte declaração: "O envio se encontra livre da praga de Botrytis fabae".

A instrução prevê que técnicos do MAPA poderão coletar amostras para análise fitossanitária e que os custos do envio do material recolhido e dos testes serão do importador do grão. A normativa estipulada ainda que caso seja identificada em um carregamento algum tipo de praga, que já tenha ou não ocorrido no País, que serão adotados os procedimentos previstos no Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal. Além disso, a Bolívia será notificada e as importações poderão ser até suspensas.

Produto mais barato

A projeção, conforme o consultor da Granos Corretora, é que a saca de soja boliviana chegue a Mato Grosso do Sul custando entre R$ 68 e R$ 70, o que representaria um valor 11,4% menor, do que o praticado na venda do grão, por exemplo, em Campo Grande, nesta quarta-feira (3), quando a saca tinha cotação de R$ 79. "É uma diferença bem considerável. Bem competitiva", analisa, completando que nos próximos dias já existe a possibilidade do fechamento de alguns negócios.

O diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS) e assessor técnico da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado (Famasul), Lucas Galvan, aponta que a perspectiva de compra de soja boliviana surgiu porque o mercado vislumbrou uma boa oportunidade de negócios. "Não está faltando soja no mercado local, mas a que temos está com um preço muito elevado", diz.

Galvan também reiterou as projeções de uma safra recorde do grão no Estado no ciclo de verão. "Deveremos ter um aumento de área plantada de aproximadamente 14%, passando dos 1,8 milhão de hectares para 2 milhões ou 2,1 milhões de hectares, com a produtividade chegando, se as condições climáticas ajudarem, aos 6 milhões de toneladas. Uma safra recorde".

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